Um aviso*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 19 de Fevereiro de 2010


1. Primeiro ano do QREN: 148 milhões de euros de fundos comunitários aplicados em Lisboa vão ser contabilizados como se tivessem sido investidos no Norte, Centro e Alentejo.

Este é o retrato do país. Nu e cru.

2. O secretário de estado Castilho dos Santos chamou ao discurso sindical “passadista, retrógrado e conservador”. Vê-se que o secretário de estado prefere sindicatos fracos a sindicatos fortes.

Ora isso é um erro. Por duas razões:

(i) O livro “A Consciência de um Liberal”, do prémio Nobel da economia Paul Krugman, tem dados muito sólidos que ligam os 40 anos de ouro de crescimento americano à existência de um sindicalismo forte e prestigiado. Foi só com a hostilização reaganista aos sindicatos, a partir de 1981, que as coisas começaram a piorar.

(ii) Há uma outra razão ainda mais forte: o governo português vai ter que tomar medidas muito duras. A situação social vai-se agravar e a “rua” vai falar cada vez mais alto.

Ora, quem pode tentar moderar e enquadrar o descontentamento das pessoas? Os sindicatos, claro.

3. A última campanha publicitária do Mini Preço à pergunta «tem saudades do escudo?» responde «não!»

Já na Alemanha há muita nostalgia do “velho” marco. Os alemães estão fartos de serem eles a financiar os países do sul, corruptos e esbanjadores de fundos comunitários.

A Grécia, que “vale” 2,5% do PIB da eurolândia, não representa nenhum risco sistémico para o euro. Então porque não veio ninguém de peso acalmar os mercados?

Barroso e Almunia, evidentemente, não contam. Já Angela Merkel - que é quem manda porque é quem paga - ao ficar calada tanto tempo enquanto o fogo da dívida grega se propagava a Espanha e a Portugal...
... quis deixar um aviso.

Desta vez foi só um aviso.

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