Eu nunca sonhei tanto como agora! — [POLITÉCNICO DE VISEU 40 ANOS #2]

Fotografia Olho de Gato




António Alves Martins
[Viseu, 1897 — Viseu, 1929]
Frequentou o liceu de Viseu. 
Entrevistou Fernando Pessoa para a Revista Portuguesa em 1923. 
Com obra poética escassa, que a tuberculose andava por perto, 
a força da sua poesia radica na simplicidade cristã: 
"Quando eu deixar de ser de mim cativo" (Fogueira Eterna).



Eu nunca sonhei tanto como agora!
E que ventura, para quem está preso.
Por momentos deitar isto ao desprezo;
Dentro da noite imaginar a aurora!

Sonhar! Sonhar! A gente sonha — embora;
Das celas de prisão é grande o peso...
Pode abrandá-lo qualquer sonho aceso,
Mas sempre, n'alma, qualquer coisa chora!

Hoje, mal acordei, ouvi, distante,
Um gemido tão áspero e cortante
Que me parecia quasi não ter fim...

— Carro de bois! - pensei. E vi a serra,
E vi a Beira-Alta, a minha Terra,
Em Campolide — a soluçar por mim!
Poetas e pintores e Viseu
Edição Politécnico de Viseu, 2001


Cantadeiras Informais de Bravães - "Senhora das Dores" from MPAGDP on Vimeo.

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