Verificação de factos*
* Hoje no Jornal do Centro
No último congresso do Livre, a deputada Joacine Katar Moreira foi ao microfone e acusou os congressistas de se terem aproveitado de “uma mulher que gagueja”, de “uma mulher negra que foi útil para a subvenção”.
Este método peculiar de olhar o mundo, que se fixa nas particularidades das pessoas, especialmente na sua pele, parece indicar um fascínio da deputada pela dermatologia. Usemo-lo também nós:
— tendo presente o histórico e os valores do Livre, pode dizer-se com alguma segurança que aquele partido ficaria na mesma furioso se, em vez da “mulher que gagueja”, estivesse lá um deputado-homem — negro ou caucasiano, pálido ou vermelhusco, gago ou picareta-falante — a falhar um voto parlamentar sobre a Palestina;
— tendo presente o histórico e os valores do Livre, pode dizer-se com alguma segurança que aquele partido se passava na mesma dos carretos se, em vez da “mulher que gagueja”, fosse um deputado-homem — descendente de aborígenes ou de esquimós, trigueiro ou amarelento, belfo ou borrifador-de-gafanhotos — a requerer a presença de um GNR para enxotar jornalistas.
E quanto àquele “uma mulher negra que foi útil para a subvenção”? Será que o Livre, sem Joacine, ficava a ver a subvenção por um canudo? Verifiquemos os factos, começando por lembrar dois básicos:
(i) um partido que obtenha pelo menos 50.000 votos numas legislativas, eleja ou não deputados, tem direito a uma subvenção pública de €2.90/voto/ano, significando isso que, durante os quatro anos de uma legislatura, entregamos €11.60 ao partido onde pusermos a cruzinha;
(ii) no ano passado, em Maio, mesmo com a costumeira abstenção enorme nas Europeias, Rui Tavares e o Livre obtiveram 60.575 votos; poucos meses depois, em Outubro, apesar de terem votado mais dois milhões de pessoas do que em Maio, mesmo assim, Joacine Katar Moreira e o Livre desceram e tiveram 57.172 votos.
Como se vê, não foi graças à deputada dermatologista que o Livre obteve a subvenção.
No último congresso do Livre, a deputada Joacine Katar Moreira foi ao microfone e acusou os congressistas de se terem aproveitado de “uma mulher que gagueja”, de “uma mulher negra que foi útil para a subvenção”.
Este método peculiar de olhar o mundo, que se fixa nas particularidades das pessoas, especialmente na sua pele, parece indicar um fascínio da deputada pela dermatologia. Usemo-lo também nós:
— tendo presente o histórico e os valores do Livre, pode dizer-se com alguma segurança que aquele partido ficaria na mesma furioso se, em vez da “mulher que gagueja”, estivesse lá um deputado-homem — negro ou caucasiano, pálido ou vermelhusco, gago ou picareta-falante — a falhar um voto parlamentar sobre a Palestina;
— tendo presente o histórico e os valores do Livre, pode dizer-se com alguma segurança que aquele partido se passava na mesma dos carretos se, em vez da “mulher que gagueja”, fosse um deputado-homem — descendente de aborígenes ou de esquimós, trigueiro ou amarelento, belfo ou borrifador-de-gafanhotos — a requerer a presença de um GNR para enxotar jornalistas.
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| Fotografia Ana Baião - Expresso (editada) |
(i) um partido que obtenha pelo menos 50.000 votos numas legislativas, eleja ou não deputados, tem direito a uma subvenção pública de €2.90/voto/ano, significando isso que, durante os quatro anos de uma legislatura, entregamos €11.60 ao partido onde pusermos a cruzinha;
(ii) no ano passado, em Maio, mesmo com a costumeira abstenção enorme nas Europeias, Rui Tavares e o Livre obtiveram 60.575 votos; poucos meses depois, em Outubro, apesar de terem votado mais dois milhões de pessoas do que em Maio, mesmo assim, Joacine Katar Moreira e o Livre desceram e tiveram 57.172 votos.
Como se vê, não foi graças à deputada dermatologista que o Livre obteve a subvenção.
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