A medida certa da tua agonia

Fotografia de Amy Humphries


Não gosto de contar os desastres em detalhe
mas, se quiserem, posso escrever uma lista com nomes e camas.

Sou bem capaz de molhar o pezinho na história da barbárie,
condecorar o medo,
cortar-me a mão com que limpo as feridas
de uma civilização em queda.

Posso perfeitamente
ir afiando o gume da esperança
com a flor branca de um cancro.

Sou, em definitivo, este comediante de rua
que serve a desconhecidos,
em copos pequenos,
à medida certa da sua agonia.

Descobre sonhos
onde outros só encontram coelhos.

Hoje, por exemplo, quanto tirou as luvas,
viu que lhe faltavam dedos.
Golgona Anghel



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