Bonança*

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

1. O nosso actual optimismo económico tem três causas directas: o crescimento em toda a “Europa”, o turismo de “escapadinhas” e a forma como a geringonça se “cativou” pelos lindos olhos do tratado orçamental.

Daqui
Este tripé é, todo ele, magnífico:
— é bom a “Europa” estar a crescer e a criar emprego, isso tem um impacto positivo na vida das pessoas e retira oxigénio aos soberanismos populistas de esquerda e direita;
— é excelente termos as nossas cidades cada vez mais cosmopolitas, e haver gente a ganhar dinheiro e a criar empregos no turismo;
— é uma ironia e um alívio termos um governo apoiado pelo bloco e pelo PCP a esforçar-se por um défice ainda mais “eurogrupista” do que pedia o eurogrupo.

Será que aprendemos com o trauma da última bancarrota? Será que nunca mais vamos ter os credores a mandar neste desgraçado país?

Como a preparação para as tempestades deve ser feita na bonança, agora devíamos aplicar a folga orçamental na diminuição da dívida pública. Devemos isso ao futuro dos nossos filhos e dos nossos netos. Este assunto ficará para outra crónica.

2. Esta campanha das autárquicas decorreu num clima social muito diferente do de há quatro anos. Então as pessoas estavam zangadas com os partidos e, onde puderam, votaram em independentes, umas vezes bem como no Porto, outras vezes mal como em Oeiras (onde a asneira, desgraçadamente, parece que se vai repetir).

Além daquele voto massivo em candidaturas independentes, nunca houve tantos brancos e nulos como em 2013. Estes votos de protesto duplicaram nos vinte e quatro concelhos do distrito de Viseu, tendo crescido ainda mais nas freguesias urbanas. Nas freguesias mais citadinas de Viseu, por exemplo, a soma dos nulos com os brancos chegou aos 12%, dava à vontade para eleger um vereador.

Na campanha que acaba hoje, nenhuma candidatura se preocupou com esta multidão que estava zangada em 2013. Onde irá votar este eleitorado quatro anos depois?

Comentários

  1. "Onde irá votar este eleitorado quatro anos depois?"
    Gostava que a resposta dessa multidão zangada (12%!!!) não continuasse a ser....você não presta!

    Mallu Magalhães - "Você Não Presta"
    https://youtu.be/hrh6zd5c0OY


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