Banco ético

Texto publicado hoje no Jornal do Centro



     1. Está a fazer um ano que Eric Cantona apelou a uma “revolução” sem pólvora. Proclamou ele: «em vez de ires manifestar-te, vais ao banco e levantas o teu dinheiro». 



     Esse apocalipse bancário foi marcado para 7 de Dezembro de 2010, mas nem mesmo Cantona meteu o dinheiro debaixo do colchão — tirou 1500 euros do BNP e 750 mil do banco Leonardo e foi metê-los no Crédit Agricole.
     Os cidadãos estão a pagar com desemprego e sofrimento a crise sistémica global ao mesmo tempo que o sistema financeiro está a receber quantidades pornográficas de dinheiros públicos. Veja-se em Portugal o caso do BPN ou o caso das PPPPP - Parcerias Prejuízos Públicos Proveitos Privados renegociadas pelo sr. Paulo Campos com o sr. Mota Coelho Espírito Santo Engil. Há razão para as pessoas estarem zangadas com o egoísmo e a irresponsabilidade social e cívica dos banqueiros. Mas levantar o nosso dinheiro — como teorizou mas não praticou Cantona — não resolve nada.
     Está na altura de fazer da CGD um banco ético, quer na relação com os seus clientes, quer na aplicação de capitais com responsabilidade social e ambiental, com os cuidados éticos, por exemplo, do Fundo de Petróleo norueguês.
     Com uma prática socialmente responsável, a CGD podia atrair as poupanças dos homens e mulheres de boa-vontade. Quem sabe se até as poupanças de Eric Cantona.


2. Em 2010, 
Pedro Passos Coelho teve o grande Eduardo Catroga 
que nos conseguiu evitar, por um “pintelho”, a roubalheira nas deduções em IRS de saúde, habitação e educação. 

     António José Seguro não tem nenhum Catroga nem nenhuma bandeira orçamental. Se acabar por manter-se o IVA intermédio na restauração, isso será visto como condescendência do governo e não como vitória do PS.
     O PS pós-socrático continua no fundo de um poço.

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