11.11.11
* Publicado hoje no Jornal do Centro.
O Olho de Gato já saiu em várias sextas-feiras dias treze, carrejando o azar daqueles dias e fazendo desse azar tema destas linhas.
Desta vez esta crónica é publicada num dia com uma matemática muito especial porque tem dentro dele doze “uns”, quando forem onze horas, onze minutos, onze segundos, do onze do onze do onze.
Estas numerologias são boas para encher de assunto os programas da manhã das televisões. E crónicas de jornais como estas, neste dia que é especial, acima de tudo, porque é o dia-de-S.-Martinho-vai-à-adega-e-prova-o-vinho.
No filme “Tournée”, o último de Mathieu Amalric, a personagem principal em todo o lado a que chega pede para desligarem as televisões e os rádios. Em todo o lado lhe recusam desligar aquele zumbido que é debitado em permanência, feito de conversa-de-papagaios e da angústia destes tempos em que a “crise” se colou à pele das pessoas e lhes retirou o sorriso da cara.
Com essa angústia a ser alimentada ao minuto, agora com as notícias que chegam de Itália, a terceira economia do euro — notícias que não são sobre as festas bunga-bunga enviagradas do senhor Berlusconi, antes fossem... —, é bom termos o amparo da tradição do bom S. Martinho, santo generoso, santo que nos convida a provar castanhas e vinho.
E o “nosso” vinho do Dão está cada vez melhor e isso é um facto que nenhum boy nos consegue tirar, nenhum dos muitos boys que ajudaram a falir o país.
Uma coisa é certa: se o nosso ministro Vítor Gaspar provasse um Quinta Vila Nova do Rego (por exemplo e entre muitos exemplos possíveis...) ele, o impassível e inalterável governante ficava, por umas horas, menos binário e menos metrónomo naquele pensamento dele que parece saído do interior de um glaciar.
Bons magustos, cara e caro leitor!
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