O poder sobre o tempo
«Os mecanismos de exclusão são hoje menos de ocupação do território do que apropriações do tempo alheio, na forma da aceleração, da impaciência ou da falta de pontualidade. É esse o novo eixo dos conflitos sociais: impor o tempo.»
Daniel Innerarity,
in "O Futuro e os Seus Inimigos"
Imagem daqui |
O que é estratégico agora é o poder sobre o tempo dos outros e, como consequência, é daí que jorra a principal fonte de conflitos.
As sociedades tradicionais viviam o tempo da natureza e da religião enquanto as sociedades pós-modernas têm novos "geradores do tempo"* — a economia, os "mercados", a comunicação, o trabalho.
A polémica sobre a tolerância de ponto pascal concedida por José Sócrates, que teve análise à lupa até no Financial Times, é típica do conflito entre o tempo tradicional e o tempo pós-moderno.
Sócrates mostrou que tem poder ainda sobre o tempo dos funcionários.
Pouco mais poderá o próximo governo que terá como programa o que a troika FMI/BCE/CE mandar.
Troika que se move noutro tempo, e que teve — como explica Innerarity — um poder muito maior: o poder de obrigar a manter as luzes acesas no ministério das finanças durante as "férias" da Páscoa e o poder de obrigar o INE a mudar o valor do défice e da dívida pública de 2009 e 2010 numa sexta-feira santa.
* Conceito de Jürgen Rinderspracher.
* Conceito de Jürgen Rinderspracher.
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