A Cidade dos Mortos

     Em 1986, no arranque da Rádio Noar, eu e o Armando Ferreira entrevistámos o arquitecto José Perdigão, uma longa e interessante conversa à volta do viver a cidade e o urbanismo.
     O assunto principal era mesmo esse: a assumpção do orgulho da cidade, coisa necessária naqueles tempos em que Viseu vivia um universo mental tipo "rossio nas aldeias", teias de aranha mentais que causavam urticária na Rádio Noar, rádio que se dizia e se queria "a rádio no coração da cidade!"
     A conversa fluiu boa e agradável. 
     O arquitecto José Perdigão na altura ainda não fazia os excelentes néctares que faz agora mas já  era o que é hoje: um bom profissional e um excelente conversador.
     A certa altura na entrevista, perguntei-lhe porque tinha feito e dava tanto destaque no seu curriculum a três jazigos.
     «Porque os cemitérios são as cidades dos mortos», respondeu-me ele.  Nunca mais me esqueci daquela resposta.
     Lembrei-me desta frase de José Perdigão esta semana ao ver, no Cine Clube de Viseu, o documentário de Sérgio Tréfaut, "A Cidade dos Mortos".
     No Cairo os cemitérios são as cidades dos mortos. E dos vivos.

Comentários

  1. Lá vão mais umas garrafitas à borla lá para casa!

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  2. Caro anónimo
    Não vão, não.
    Mas que são boa pomada, lá isso são.
    Cumprimentos

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