Máscara

Olha como dançam
e são mais do que o rosto
como renascem os mortos neles
pele, ossos e penas
mandíbulas que se mexem
num ritual de misterioso poder
espectros, pesadelos
de acentuados e expressivos traços
ridículos nos seus disfarces
rostos extremamente longos e testas amplas
sóbrias no seu poder
olhos redondos em alerta ou fúria
nariz adunco de quem não se quer render
ser outro ou a máscara dentro da máscara
grotesco e monstruoso
de proporções exagerado
ser poema, bobo ou marioneta
alvo ou enegrecido
abstracto deus esculpido
e cornos, muitos cornos
nas cabeças gigantescas
que vestem o rosto dos mortos
mantém pois teu peito aberto
à mais pequena máscara do mundo
o rubro e esférico nariz de palhaço
Pedro Loureiro

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