Terá ainda sido a tempo?*
* Hoje no Jornal do Centro, nas bancas e aqui
1. Estas eleições antecipadas são mais uma machadada na reputação, que já não era nada boa, das maiorias absolutas de um só partido. Vejamos o histórico:
— as duas maiorias absolutas de Cavaco foram autoritárias e criaram uma das pragas da nossa democracia: a colonização do aparelho de Estado por boys partidários;
— Sócrates foi autoritário, trocou os boys laranjas por rosas e levou o país à bancarrota;
— Costa não foi autoritário, muito pelo contrário; cometeu foi o erro de meter todos os seus potenciais sucessores no governo; resultado: intriguice entre rivais, fugas de informação, casos e casinhos, governantes a caírem como tordos; para além disso, o primeiro-ministro ainda estava em Lisboa mas a sua cabeça parecia já estar num cargo em Bruxelas.
2. Algumas notas sobre esta campanha eleitoral:
— foi bom os partidos terem gasto menos dinheiro em outdoors; aos poucos, parecem começar a perceber que que aquela poluição visual nas rotundas não dá um voto;
— foi bom ter havido debates entre todos os líderes partidários nas televisões; o povo seguiu aqueles “duelos” com atenção;
— foi bom o Jornal do Centro, o Jornal da Beira e a VFM terem promovido um debate entre os cabeças de lista no distrito de Viseu e terem-no disponibilizado online; os dois candidatos mais articulados foram Alexandre Hoffmann, da CDU, e António Leitão Amaro, da AD;
— apesar de tanto tempo de antena concedido aos políticos e às sua ideias, as sondagens estão às aranhas e dizem-nos que há centenas de milhares de cidadãos que ainda não decidiram onde vão pôr a cruzinha;
Daqui (editada) |
— o candidato a primeiro-ministro Luís Montenegro tem mantido sempre a estratégia do “não é não!” ao populismo de direita, o que deixou o líder do Chega pendurado no vácuo;
— o candidato a primeiro-ministro Pedro Nuno Santos não foi capaz de dizer “não é não!” ao populismo de esquerda; foi já em plena campanha que, finalmente, percebeu que tinha que falar para o centro e assumir a herança das contas certas de António Costa; a partir daí, a poderosa máquina socialista começou a trabalhar em força; terá ainda sido a tempo?
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