O real tem muita imaginação*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 21 de Março de 2014
1. Esta semana, em que se comemora o 12º aniversário do Jornal do Centro, repete-se o título do primeiro Olho de Gato, de Março de 2002.
Em jeito de “doutrina” para esta crónica que começava, escrevi então que “o real tem muita imaginação” já que "por mais que tentemos perceber as coisas e o mundo, há sempre algo que nos escapa, e é esse ficar aquém e além, é essa distância que dá sal à nossa vida e combustível ao nosso espírito".
Este é o Olho de Gato nº 468. Uns saíram melhores, outros piores, como é normal. Todos tentaram dar um pouco de combustível ao espírito dos leitores.
Jorge Luis Borges disse uma vez que escrevia para se lembrar. Depois destes 12 anos, percebo bem essa ideia do génio argentino. Li muito mais, estive muito mais atento, pesquisei muito mais, para poder escrever aqui, primeiro em ritmo quinzenal, depois semanal.
No Olho de Gato sempre se usou e vai continuar a usar-se o método de Norberto Bobbio: devemos escolher uma parte, depois dessa escolha feita, há que exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a nossa parte.
Um ou outro aparelhista partidário mais encardido e instalado não gosta. Azar o dele.
2. A Lei Orgânica nº 3/2006, Lei da “Paridade”, já foi aplicada em duas eleições autárquicas, as de 2009 e 2013.
Eis como estão as coisas no distrito de Viseu: não há nenhuma mulher presidente da câmara em nenhum dos 24 municípios; temos três “presidentas” de assembleia municipal; temos 14 “presidentas” de junta num total de 276 freguesias.
Duas câmaras, as de Sernancelhe e Tabuaço, são completamente machas, nem uma vereadora têm. Na câmara de Castro Daire há quatro socialistas de voz grossa — desapareceu, pelo menos, uma vereadora socialista eleita.
Como se vê, a lei dita da “paridade”, afinal, ainda não pariu paridade nenhuma.
1. Esta semana, em que se comemora o 12º aniversário do Jornal do Centro, repete-se o título do primeiro Olho de Gato, de Março de 2002.
Em jeito de “doutrina” para esta crónica que começava, escrevi então que “o real tem muita imaginação” já que "por mais que tentemos perceber as coisas e o mundo, há sempre algo que nos escapa, e é esse ficar aquém e além, é essa distância que dá sal à nossa vida e combustível ao nosso espírito".
Este é o Olho de Gato nº 468. Uns saíram melhores, outros piores, como é normal. Todos tentaram dar um pouco de combustível ao espírito dos leitores.
Jorge Luis Borges disse uma vez que escrevia para se lembrar. Depois destes 12 anos, percebo bem essa ideia do génio argentino. Li muito mais, estive muito mais atento, pesquisei muito mais, para poder escrever aqui, primeiro em ritmo quinzenal, depois semanal.
No Olho de Gato sempre se usou e vai continuar a usar-se o método de Norberto Bobbio: devemos escolher uma parte, depois dessa escolha feita, há que exercer o juízo crítico com severidade, especialmente com a nossa parte.
Um ou outro aparelhista partidário mais encardido e instalado não gosta. Azar o dele.
2. A Lei Orgânica nº 3/2006, Lei da “Paridade”, já foi aplicada em duas eleições autárquicas, as de 2009 e 2013.
Eis como estão as coisas no distrito de Viseu: não há nenhuma mulher presidente da câmara em nenhum dos 24 municípios; temos três “presidentas” de assembleia municipal; temos 14 “presidentas” de junta num total de 276 freguesias.
Duas câmaras, as de Sernancelhe e Tabuaço, são completamente machas, nem uma vereadora têm. Na câmara de Castro Daire há quatro socialistas de voz grossa — desapareceu, pelo menos, uma vereadora socialista eleita.
Como se vê, a lei dita da “paridade”, afinal, ainda não pariu paridade nenhuma.
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