Teias*
* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 14 de Fevereiro de 2014
1. Qualquer viseense, mesmo que muito distraído, sabe que o Auditório Mirita Casimiro é uma sala sem vida que está, há anos, a coleccionar teias de aranha na Rua Alexandre Lobo.
Sobre a “teia" que mantém aquelas teias não se tem falado muito. Mas convém lembrar: não há ali investido nem um cêntimo privado, tudo o que ali está é dinheiro público. A ganhar teias de aranha.
No dia 1 de Fevereiro, numa assembleia geral eleitoral daquela casa, tudo foi feito para que houvesse apenas uma lista a votos. Havia outra lista mas foi recusada. Ali não se correm riscos. Uma lista única ganha sempre.
Importa procurar as causas mais fundas que impedem o funcionamento do Mirita Casimiro. Este auditório é de uma federação de associações culturais de todo o distrito de Viseu. Que não funciona. Mas, mesmo que funcionasse, haveria sempre um problema bicudo: temos uma entidade distrital que tem como único património uma sala de espectáculos no centro de Viseu. A sala não tem rodas. Não é fácil criar um projecto conciliador destas duas “geografias”.
Para aumentar as dificuldades, a direcção daquela casa vive num mundo que já não existe. Todas as “bocas” que mandou durante a votação da lista única mostram que vê o trabalho cultural como uma coisa do rural contra o urbano, do amador contra o profissional, do voluntário contra o remunerado. Com este pensamento é fácil antever: o Mirita Casimiro vai continuar cheio de teias de aranha.
2. Por “coincidência”, com os votos contra da oposição, a maioria da câmara de Viseu aprovou em Janeiro uma proposta de transferência semestral de 73 200 euros para a entidade titular do Mirita porque acha, como escreveu no protocolo, "imprescindível a colaboração de agentes culturais que nos proporcionem um resultado de qualidade em termos de animação cultural e de dinamização pedagógica de diversas atividades na rede municipal de museus.”
Perante este humor involuntário, resta perguntar: em que mundo é que vive a vereadora da cultura?
Fotografia Olho de Gato |
Sobre a “teia" que mantém aquelas teias não se tem falado muito. Mas convém lembrar: não há ali investido nem um cêntimo privado, tudo o que ali está é dinheiro público. A ganhar teias de aranha.
No dia 1 de Fevereiro, numa assembleia geral eleitoral daquela casa, tudo foi feito para que houvesse apenas uma lista a votos. Havia outra lista mas foi recusada. Ali não se correm riscos. Uma lista única ganha sempre.
Importa procurar as causas mais fundas que impedem o funcionamento do Mirita Casimiro. Este auditório é de uma federação de associações culturais de todo o distrito de Viseu. Que não funciona. Mas, mesmo que funcionasse, haveria sempre um problema bicudo: temos uma entidade distrital que tem como único património uma sala de espectáculos no centro de Viseu. A sala não tem rodas. Não é fácil criar um projecto conciliador destas duas “geografias”.
Para aumentar as dificuldades, a direcção daquela casa vive num mundo que já não existe. Todas as “bocas” que mandou durante a votação da lista única mostram que vê o trabalho cultural como uma coisa do rural contra o urbano, do amador contra o profissional, do voluntário contra o remunerado. Com este pensamento é fácil antever: o Mirita Casimiro vai continuar cheio de teias de aranha.
2. Por “coincidência”, com os votos contra da oposição, a maioria da câmara de Viseu aprovou em Janeiro uma proposta de transferência semestral de 73 200 euros para a entidade titular do Mirita porque acha, como escreveu no protocolo, "imprescindível a colaboração de agentes culturais que nos proporcionem um resultado de qualidade em termos de animação cultural e de dinamização pedagógica de diversas atividades na rede municipal de museus.”
Perante este humor involuntário, resta perguntar: em que mundo é que vive a vereadora da cultura?
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