Ócio, tédio, preguiça, sacrifício, ..., duas metáforas a condizer

1 — tapete rolante 


O hedonismo é autodestrutivo – o tapete rolante hedonista. Os hedonistas temem o tédio.

O grande filósofo Bertrand Russell compreendeu a necessidade do tédio, expressa da melhor maneira no seu maravilhoso ensaio O Elogio ao Ócio."

 in O Precariado - A Nova Clase Perigosa, 

de Guy Standing


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2 — roda do hamster



Ócios de Ofício


Não sei se combata a preguiça

Se a vontade de fazer:

Enquanto um eu se espreguiça

O outro eu tem cobiça

Que me espreguice a doer.


Não sei se combata a preguiça

Se a vontade de fazer

Pois quando o empenho me atiça

Fica a vontade submissa

Ao que a preguiça me der.


Para os meus ossos de ofício

Ai o ócio não traz cálcio.

Se torno o trabalho em vício

É um ópio e não traz ócio.

Tanto santo Sacrifício


Não sei se combata a preguiça

Se a vontade de fazer:

Enquanto um eu está na liça

O outro eu só tem pressa

De ter com que se entreter.


Não sei se combata a preguiça

Se a vontade de fazer.

Faço por razão omissa

A missão que mais interessa

Que é tentar não me mexer.


Para os meus ossos de ofício

Ai o ócio não traz cálcio.

Se torno o trabalho em vício

É um ópio e não traz ócio.

Tanto Santo Sacrifício


Vai o suor vem o suplício

Fogo fátuo de artifício

Trago um canhão pró comício

Acabou-se o armistício.

Samuel Úria




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