Lisboa e a paisagem
Não me temo de Castela
D 'onde guerra inda não soa,
Mas temo-me de Lisboa,
Que ao cheiro desta canela
O reino nos despovoa.
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Estas serras e os penedos
Vistas se vos fazem feias!
Já torceis rosto às aldeias;
Direis dos vinhos azedos
O que já disse Cineias!
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Ao reino cumpre em todo ele
Ter a quem o seu mal doa;
Não passar tudo a Lisboa,
Que é grande o peso, e com ele
Mete o barco na ágoa a proa
Sá de Miranda (1481-1558),
in Carta a António Pereira, Senhor de Basto (excertos)
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