Era tão bom*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 18 de Fevereiro de 2011


Era tão bom acabar a dança entre a política e os negócios e os negócios e a política.

Era tão bom pôr fim aos deputados em part-time.

Era tão bom travar a voracidade dos grandes escritórios de advogados.

Era tão bom o BES não estar sempre sentado no conselho de ministros.

Era tão bom termos menos ministros e todos eles escolhidos obrigatoriamente entre eleitos.

Era tão bom a transparência dos rendimentos e do património dos políticos não ser confundida com “inversão do ónus da prova” .

Era tão bom agregarmos concelhos e freguesias e isso não levar a guerras de campanário.

Era tão bom privatizar a parte comercial da RTP e, depois, o serviço público radiofónico e televisivo viver da taxa audiovisual e não do orçamento de estado.

Era tão bom o estado só encomendar estudos e pareceres dentro dos serviços públicos.

Era tão bom os deputados prestarem contas aos seus eleitores e não a quem os põe nas listas.

Era tão bom renegociar as PPPPP, as Parcerias Prejuízos Públicos Proveitos Privados, para os nossos filhos e os nossos netos terem  futuro.

Era tão bom os boys e as girls  terem vergonha na cara.

Era tão bom suspender o TGV.

Era tão bom um governo frugal e moderado nos impostos.

Era tão bom termos um verdadeiro mercado de arrendamento.

Era tão bom desligarem o complicómetro na justiça.

Era tão bom fecharem os governos civis.

Era tão bom os portugueses amarem a liberdade e não terem medo.


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