Fantasia em câmara lenta de um lutista ambulante confinado na sua câmara à prova de música

Fotografia de Mike Lloyd


Sob a chuva febril estugaríamos o passo

e entre duas ruas trocaríamos olhares

que um fogo mais escuro faria crepitar

como a lenha mais tarde no interior da lareira

que entrando na tua sala friorentos os dois

teríamos acendido diante do sofá

até que não sei bem a que alvitre da noite

a tua mão viria tocar-me o joelho

detendo-me talvez a meio de uma frase

antes de me dizeres por favor dá-me lume

e em troca me deixares pedir-te que de mim

longamente fizesses teu cigarro e teu fumo

e me fumasses muito depois 

                                                até ao fim

Miguel Serras Pereira


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