A grande corrida ao papel higiénico*

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Mesmo antes de se saber se o SARS-CoV-2 ia deixar, ou não, que houvesse Jogos Olímpicos, já estava a acontecer em todo o mundo uma prova atlética muito dura e competitiva: a corrida aos rolos de papel higiénico. O tiro de partida foi dado na Austrália, mas aquela corrida de obstáculos espalhou-se por todos os continentes ainda mais depressa do que a pandemia.

A galhofa nas redes sociais foi mais que muita. A saudade dos velhos bidés, não inclusos em muitas casas modernas, ainda maior.

Ninguém percebeu o que é que a Covid-19 tem a ver com aquele papel macio enrolado. Mas factos são factos: o papel higiénico é dos produtos mais atreitos a avarias nas cadeias de abastecimento dos países com economia de mercado e a desaparecimento total nos países comunistas.


Daqui

No final de 1973, houve um pânico destes nos EUA. Zachary Crockett, num texto intitulado “O grande susto do papel higiénico de 1973”, publicado no Priceonomics, explica o acontecido.

Tudo começou quando um lunático congressista do Wisconsin, eleito por uma circunscrição hiperflorestada (uma espécie de Mortágua lá do sítio), afirmou, sem base factual nenhuma, que a central de compras federal estava a adquirir papel higiénico abaixo das necessidades das tropas e dos burocratas norte-americanos e que aquele produto ia faltar.

Um assunto destes é, por definição, piadético. Portanto, Johnny Carson (uma espécie de Ricardo Araújo Pereira lá do sítio) não resistiu a gozar aquele prato no seu programa visto por dezenas de milhões de telespectadores.

Resultado: no dia seguinte, o povão correu às lojas e esgotou o papel higiénico, os preços dispararam, foram precisos quatro meses para o abastecimento normal ser restabelecido.


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Já os países comunistas, como se sabe, não são bons em abastecimento do mercado, mas os seus povos são fortíssimos em piadas sobre prateleiras vazias. Em Junho de 2016, num Olho de Gato intitulado “Papel higiénico”, contei aqui algumas. Eis uma que circulava na antiga Polónia comunista:

Um cliente chega a uma loja e pergunta: «Você não deve ter manteiga, pois não?»

Resposta da empregada: «Desculpe, a loja do lado de lá da rua é que não tem manteiga; nós não temos é papel higiénico...»

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