Onze euros e sessenta cêntimos*

* Hoje no Jornal do Centro

1. Já depois de ter enviado o último Olho de Gato para o jornal, o INE alterou os números indicados aqui de crescimento do PIB durante os anos da geringonça. Houve uma revisão em alta, o país está mais rico dois mil milhões de euros do que se julgava.

De qualquer forma, esta boa notícia não abana os fundamentos da crónica da semana passada: a instabilidade espanhola (vai para a quarta eleição em quatro anos) fez crescer bem mais a economia do que a nossa estabilidade. Se tivéssemos tido o mesmo crescimento de "nuestros inestables hermanos" éramos mais ricos 7,5 mil milhões.

2. A campanha eleitoral que acaba hoje trouxe-nos o costume: outdoors nas rotundas; discursos zangados não se sabe com quê; comícios e bebícios com aparelhistas, boys e emplastros nas primeiras filas; feiras e mercados com candidatos e jornalistas à procura de algo castiço que dê algum tempero àquela estopada; arruadas em que aparecem uns "espontâneos" a abraçar o chefe, num teatro de papelão feito para as televisões.

Fora desta mesmice, tivemos um pouco Rui Rio e o PAN. Este, de tão veg, vai fazer diminuir a abstenção entre os talhantes.

E, claro, o melhor desta campanha eleitoral: o programa "Gente que não sabe estar", de Ricardo Araújo Pereira. É tão, tão bom que até dá pena não termos legislativas com a cadência dos espanhóis para termos mais vezes aquela desbunda. Foi neste programa que se viu, entre nós, o primeiro "deepfake" - uma hilariante tourada sem cavalos nem touro.



3. Um voto serve para duas coisas: eleger deputados e dar €2.90 por ano ao partido em que se vota, desde que este obtenha, pelo menos, 50 mil votos.

No distrito de Viseu, só dois ou três partidos deverão eleger deputados. Mas tenha isto presente: mesmo não votando em nenhum desses três, o seu voto pode ser muito útil — poderá valer, nos quatro anos da próxima legislatura, €11.60 para o partido da sua simpatia.

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