Sento-me entre os que cantam em círculos

Fotografia de Aaron Burden


Sento-me entre os que cantam em círculos
E decoro a melodia improvisada
E embora cante ao longo do caminho
Fico sozinho ao chegar a casa

Mesmo quando estou sentado em casa
Canto mas não sei onde vivo

Sei as margens onde as crianças cortam os juncos
Sei que a música pode salvar um homem que se afoga sem nada
Taparei no entanto os ouvidos para descer humanamente ao fundo

Mesmo que aí a voz me seja o oxigénio necessário
Mergulharei voluntariamente na quietude ou na infância
De estar em silêncio

Quero aprender nas águas uma energia para escutar
Um instrumento sonoro, de fundo. A nervura
Da onda dobrando-se numa e noutra e noutra
Vinda
A concha acústica do búzio que ritma a embarcação
Sanguínea. A navegação de quem avista
Uma praça fora do mundo
Daniel Faria


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