Portugal e Espanha*

* Hoje no Jornal do Centro


Fotografia editada
a partir daqui
1. Portugal vai a votos em 6 de Outubro. Espanha vai um mês e quatro dias depois, numa overdose eleitoral - é a quarta vez em quatro anos.

É que a crise do ladrilho de 2007 estoirou com o sistema bipartidário espanhol e fez aparecer novos partidos, à esquerda e à direita, incapazes de se coligarem.

Esta instabilidade política de "nuestros hermanos" não tem sido má para a sua economia: em 2015, Espanha cresceu 3,6% (o que compara com 1,5% de Portugal); em 2016, Espanha 3,2% (Portugal 1,4%); em 2017, Espanha 3% (Portugal 2,7%); em 2018, Espanha 2,6% (Portugal 2,1%).

Isto é, a instabilidade do lado de lá de Vilar Formoso deu um banho de 4,7% à estabilidade do lado de cá. Se tivessemos crescido como os espanhóis o nosso país era mais rico 9,5 mil milhões de euros.

Nada que espante nestes tempos de impotência do poder. Os governos já não conseguem fazer o bem. O ideal é que, ao menos, não tenham força para fazer o mal. Se forem fracos estragam pouco. Lembremos os 541 dias em que a Bélgica esteve sem governo, felicidade só interrompida quando as agências de notação ameaçaram desqualificar a dívida pública do país.

António Costa tem alertado para o perigo de contágio da instabilidade espanhola. Subliminarmente, o primeiro-ministro está a avisar para o risco de Catarina Martins e as manas Mortágua virarem uma espécie de "unidas bloquemos", à moda do que tem feito Pablo Iglesias.

E já se sabe: o mantra da estabilidade, repetido dia-sim-dia-sim por António Costa, é forte e dá votos.

Pena é não nos dar os crescimentos da instável Espanha.

2. O Museu Grão Vasco de Viseu prolongou, até 13 de Outubro, a exposição temporária "Identidades, pronomes e emoções - as regras do retrato".

É uma excepcional exposição, para visitar sem pressa. Atarde-se na severidade de D. Virgínia Pinto Guedes, pintada por Villaça, ou nos olhos castanhos da senhora pintada por António Joaquim de Santa Bárbara, ou na..., ou no...

Imperdível.

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