Mochilas e envelopes*

* Hoje no Jornal do Centro


1. Quase tudo já foi dito na comunicação social e nas redes sociais sobre o caso das três lojas e dos onze apartamentinhos que o bloquista Ricardo Robles arranjou no seu prédio, comprado por tuta-e-meia à segurança social, e que fez dele um milionário instantâneo.

Só ainda não vi em lado nenhum uma reflexão sobre o que terá levado a cúpula do bloco de esquerda a vir com teorias da cabala (olá, Sócrates!) e a atacar os media (olá, Trump!), quando os factos já conhecidos eram evidentes e facilmente verificáveis.

O que terá levado aquelas criaturas a reagirem tão toscamente? Encontro duas razões:

— por desábito: o bloco nunca foi escrutinado nos media, por isso, os seus líderes fizeram uma asneira de principiante;

— por causa da “bolha de filtros”: os políticos, depois de algum tempo, deixam de viver no mundo e passam a viver numa bolha só deles; é que os chefes gostam de viver rodeados por sacristãos, por gente que depende deles, que lhes filtra a realidade e lhes diz só o que eles gostam de ouvir.

2. O Europeade foi excelente. O folclore (leia-se: tradição, costumes locais), aliado à globalização (leia-se: modernidade, ferramentas globais), fez das ruas e praças de Viseu um fascínio de diversidade, um encantamento.

Dito isto, importa saber quanto custou esta festa cosmopolita. A câmara deve, com transparência e verdade, dar essa informação aos cidadãos. Para ver se é possível, realisticamente, tentar repetir no futuro estes dias felizes que vivemos.

3. No último Jornal do Centro, Fernando Ruas lembrou que uma boa descentralização de competências da administração central precisa de vir acompanhada da respectiva “mochila financeira”. Por sua vez, Álvaro Amaro avisou que esse processo só pode avançar acompanhado do respectivo “envelope financeiro”.

Ao que tudo indica, Mário Centeno discorda de Ruas e concorda com Amaro. Em vez de uma mochila de dinheiro, o ministro vai querer é dar aos autarcas um envelope. Tamanho A5.

Comentários

  1. e sei que um dia será - Claudia Mrczac

    Ainda vale a pena falar de Educação? Três exemplos positivos.

    "A coisa correcta é ter bons professores, que ensinem bons programas e dar-lhes autoridade"
    https://www.publico.pt/2018/08/03/culto/entrevista/se-o-aluno-consegue-acompanhar-as-aulas-nao-lhe-acontece-nada-1839510

    Aprendizagens Essenciais: Vale a pena? Não vale a pena? Ou a alma é afinal pequena?
    https://www.publico.pt/2018/08/03/sociedade/opiniao/aprendizagem-essenciais-vale-a-pena-nao-vale-a-pena-ou-a-alma-e-afinal-pequena-1839389

    O humanismo e as suas lições
    https://www.publico.pt/2018/08/03/culturaipsilon/opiniao/o-humanismo-e-as-suas-licoes-1839658

    No tempo do Pedro Tecnoforma Coelho, e do facho que o acompanhava, não havia “condições políticas” para promover alterações favoráveis na educação. Hoje, com o PS no governo, e com o apoio parlamentar do PCP e do BE, quais são as condições políticas que faltam para que haja alterações na educação?

    Já o escrevi aqui, e repito: a Geringonça, na Educação, falhou!
    Nunca esta angústia que não se dissolve!

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