No beto carreiro eu vi um macaco que ria
Fotografia de Viviane Sassen |
desculpa se eu quebrei
o protocolo das fodas
casuais
mas você voltou
pra pegar o livrinho amarelo
do ferlinghetti
e os passos no andar de cima
misturaram-se
com filas quilométricas
de turistas e meninas em camisas
suadas muito
escritas
– é que você não
é gorda
é que eu pensei em sons
que já não lembro mais na volta pra casa
e em objetos
pequenos como peras
fatiadas
e na obesidade infantil
e em você criança
sendo tirado à força dum torneio de xadrez
porque esse método de não pensar em nada
por mais de três vezes ainda é o melhor método,
pra mim
é uma reflexão
pra concluir
depois dum filme
do hal
hartley
– é horrível –
são meditations
for dummies
são sempre os mesmos
lugares
mas melhor seria o filme
em que você descobre a bola
fugida da altinha na praia numa tarde
primaveril
e a devolve ao corpo
esguio de adolescente
marrom com gotículas
de sal, suor
& força
tal foi minha surpresa ao encontrar
entre os edredões de uma bebedeira
uma carta celeste e as 7 marcas
da porradaria.
noutra,
a cidade vazia
espera
há três dias
a carne
apodrecida de fukushima
– somos todos cúmplices
dos mesmos problemas
mecânicos
saindo de santa assim tão
cedo
ou tarde
ou quando
a luz do pipoqueiro ilumina
dramaticamente
um rosto cru –
existe a distância
e existe o tempo
existem mulheres que são mulheres
e ainda rochas
e paisagens
e tudo mais que se desentranha
da tarde
como quando você comia repolho
e escavava poemas
que diziam que era assim mesmo:
há amor, às vezes
Catarina Lins
O Galamba é um beto que anda à boleia na politica.
ResponderEliminarLamentável é não te indignares com o facto do "polegar" assumir ser o porta voz do teu governo.
Isso é lamentável!