Cinema*
* Hoje no Jornal do Centro
1. O cinema é a arte que vampiriza todas as outras. Surgiu em França, na passagem do século XIX para o século XX, e logo com as suas duas “escolas” a funcionarem em pleno — a realista/documental, dos irmãos Lumière, e a fantástica/ficcional, de Georges Meliès.
Na noite de 28 de Dezembro de 1895, na primeira sessão de cinema, os manos Louis e Auguste Lumière projectaram numa cave escura de Paris um filme chamado “Chegada de um comboio à estação de la Ciotat”.
Como é sabido, aqueles nossos trisavós, que pagaram bilhete para serem os primeiros espectadores de imagens em movimento, ao verem aquela locomotiva fumarenta a “avançar” para eles na sala escura, entraram em pânico e fugiram. Ainda não estavam equipados mentalmente para aquela forma nova de apresentar o “real”.
Não foi preciso esperar mais do que sete anos para aparecer o primeiro filme de ficção científica. O mágico Georges Méliès filmou, em “Viagem à lua”, a entrada de uns astronautas barbudos para o bojo de um projéctil de canhão que, depois, vai acertar literalmente no olho direito da lua.
Passou bem mais de um século, e a magia da sala escura continua a fazer imergir os espectadores no “real” (obrigado, irmãos Lumière!) e na “fantasia” (obrigado, Méliès!).
2. No saudoso Cinema S. Mateus, de Viseu, o projeccionista gostava de soltar os decibéis quando os filmes o pediam.** Uma vez, num filme de terror, numa daquelas cena de arrepiar, o homem deu gás ao som com tanto brio que uma campânula de coluna se soltou e foi aterrar na cabeça de uma espectadora da última fila.
A senhora, coitada, tinha ido ver um filme à “Méliès” e saiu-lhe uma sensação real, à “Lumière”. Não fugiu como os espectadores de 1895. Porque desmaiou.
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— esta história deliciosa foi contada por José Casimiro, gerente do Cinema S. Mateus, a Fernando Giestas, autor do livro "Cine Cidade — as salas de cinema, os protagonistas e os filmes do Cine Clube de Viseu, 1955-2007", edição Imagens & Letras (2008), p. 95;
— por erro exclusivamente meu, a edição impressa no Jornal do Centro desta crónica termina assim: "Não fugiu como os espectadores de 1895. Mas desmaiou."
1. O cinema é a arte que vampiriza todas as outras. Surgiu em França, na passagem do século XIX para o século XX, e logo com as suas duas “escolas” a funcionarem em pleno — a realista/documental, dos irmãos Lumière, e a fantástica/ficcional, de Georges Meliès.
Na noite de 28 de Dezembro de 1895, na primeira sessão de cinema, os manos Louis e Auguste Lumière projectaram numa cave escura de Paris um filme chamado “Chegada de um comboio à estação de la Ciotat”.
É fácil encontrar na internet
— abençoada rede que alimenta todas as nostalgias! —...
... este genesial documentário de cinquenta segundos que mostra um comboio a chegar a uma estação e a entrada e saída dos passageiros.
Não foi preciso esperar mais do que sete anos para aparecer o primeiro filme de ficção científica. O mágico Georges Méliès filmou, em “Viagem à lua”, a entrada de uns astronautas barbudos para o bojo de um projéctil de canhão que, depois, vai acertar literalmente no olho direito da lua.
Passou bem mais de um século, e a magia da sala escura continua a fazer imergir os espectadores no “real” (obrigado, irmãos Lumière!) e na “fantasia” (obrigado, Méliès!).
2. No saudoso Cinema S. Mateus, de Viseu, o projeccionista gostava de soltar os decibéis quando os filmes o pediam.** Uma vez, num filme de terror, numa daquelas cena de arrepiar, o homem deu gás ao som com tanto brio que uma campânula de coluna se soltou e foi aterrar na cabeça de uma espectadora da última fila.
A senhora, coitada, tinha ido ver um filme à “Méliès” e saiu-lhe uma sensação real, à “Lumière”. Não fugiu como os espectadores de 1895. Porque desmaiou.
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— esta história deliciosa foi contada por José Casimiro, gerente do Cinema S. Mateus, a Fernando Giestas, autor do livro "Cine Cidade — as salas de cinema, os protagonistas e os filmes do Cine Clube de Viseu, 1955-2007", edição Imagens & Letras (2008), p. 95;
— por erro exclusivamente meu, a edição impressa no Jornal do Centro desta crónica termina assim: "Não fugiu como os espectadores de 1895. Mas desmaiou."
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