Ele e ela (VI)*
* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 29 de Agosto de 2008
— Finalmente! Onde estiveste?
— Estou a chegar do trabalho…
— Liguei para o teu escritório. Disseram que já tinhas saído…
— Havia muito trânsito. Passei na lavandaria para buscar o teu fato Armani; o que comprámos em Nova York…
— Às três não estavas no serviço…
— …?
— … não estavas, não… a tua secretária disse-me.
— Já te pedi para não ligares para o telefone da empresa. Liga-me antes para o telemóvel. Tive uma manhã infernal. Estamos a preparar a compra de uns terrenos. Só consegui ir comer qualquer coisa tardíssimo…
— Terrenos? É melhor nem dares pormenores…
— Vamos ter visitas hoje…
— Ai sim? Podias, ao menos, ter-me dito qualquer coisa…
— … convidei o meu sócio e a mulher para jantarem cá …
— Não percebo.
— O quê?!
— Estás sempre a dizer mal dela e agora convida-la cá para casa?
— Não digo nada mal dela… só que ela, antigamente, era muito ciumenta.
— Pois… cada um sabe as linhas com que se cose…
— Era bom que nós os quatro convivêssemos mais. Para nos conhecermos melhor e acabarem os mal-entendidos. Até porque é da empresa que vem quase todo o nosso rendimento…
— Já sei que ganho pouco.
— Não disse nada disso. Estou tão cansada da tua hostilidade…
— Vou pedir à empregada para preparar jantar para quatro.
— Depois, manda-a embora mais cedo. Vou tomar um banho.
— Ok.
— Sabes? O meu sócio deixou de ter problemas com a mulher…
— Ai, sim? Como?
— Agora eles visitam casais amigos e fazem swing…
El Angel Exterminador, Luis Buñuel |
— Finalmente! Onde estiveste?
— Estou a chegar do trabalho…
— Liguei para o teu escritório. Disseram que já tinhas saído…
— Havia muito trânsito. Passei na lavandaria para buscar o teu fato Armani; o que comprámos em Nova York…
— Às três não estavas no serviço…
— …?
— … não estavas, não… a tua secretária disse-me.
— Já te pedi para não ligares para o telefone da empresa. Liga-me antes para o telemóvel. Tive uma manhã infernal. Estamos a preparar a compra de uns terrenos. Só consegui ir comer qualquer coisa tardíssimo…
— Terrenos? É melhor nem dares pormenores…
— Vamos ter visitas hoje…
— Ai sim? Podias, ao menos, ter-me dito qualquer coisa…
— … convidei o meu sócio e a mulher para jantarem cá …
— Não percebo.
— O quê?!
— Estás sempre a dizer mal dela e agora convida-la cá para casa?
— Não digo nada mal dela… só que ela, antigamente, era muito ciumenta.
— Pois… cada um sabe as linhas com que se cose…
— Era bom que nós os quatro convivêssemos mais. Para nos conhecermos melhor e acabarem os mal-entendidos. Até porque é da empresa que vem quase todo o nosso rendimento…
— Já sei que ganho pouco.
— Não disse nada disso. Estou tão cansada da tua hostilidade…
— Vou pedir à empregada para preparar jantar para quatro.
— Depois, manda-a embora mais cedo. Vou tomar um banho.
— Ok.
— Sabes? O meu sócio deixou de ter problemas com a mulher…
— Ai, sim? Como?
— Agora eles visitam casais amigos e fazem swing…
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