Sacos azuis*
* Publicado hoje no Jornal do Centro
1. O livro “Porque falham as Nações”, de Daron Acemoglu e James A. Robinson, explica “as origens do poder, da prosperidade e da pobreza” usando a seguinte grelha de análise: povos com instituições inclusivas prosperam, povos com elites extractivas sem limites ao seu poder caranguejam na corrupção e na pobreza.
Vou socorrer-me da síntese que li neste livro sobre a corrupção da dupla Alberto Fujimori, presidente do Peru de 1990 a 2000, e do seu braço direito Vladimiro Montesinos.
Este Montesinos registava meticulosamente o “quando”, o “quem” e o “quanto” gastava nas suas compras de pessoas. Várias dessas aquisições foram filmadas e, mais tarde, acabaram nas televisões e ainda são acháveis na internet.
Com aquela “contabilidade” de Montesinos ficou a saber-se a cotação dos subornados: juízes e políticos ficavam entre 5 a 10 mil dólares por mês; já uma manchete de um jornal podia valer entre 3 a 8 mil dólares e os donos de televisões e de jornais levavam milhões de dólares. É que Fujimori e Montesinos achavam o poder mediático muito mais perigoso para eles do que o político ou o judicial.
2. Quando foi interrogado, Ricardo Salgado descreveu a ES Enterprises como uma “sociedade de disponibilidade transitória de capitais”. Deve ser assim que se diz saco azul em banqueirês.
Ora, para mexer naquela “disponibilidade transitória de capitais” do espírito santo, o banqueiro também tinha um meticuloso braço direito que registava tudo: o suíço Jean-Luc Schneider.
Já são conhecidos alguns dos milhões que foram sendo off-chorados por Jean-Luc para políticos, testas de ferro, gestores e fauna equivalente, mas ainda há muito nevoeiro naqueles números. Ainda não dá para destrinçar bem as cotações daquele mercado peculiar do dr. Ricardo Salgado. Bava valia mais que Granadeiro? Pinho menos do que o testa dura?
E os fluxos azuis para os media? Cadê a anunciada lista de avençados do BES que escrevem nos jornais e parlapiam nas televisões?
1. O livro “Porque falham as Nações”, de Daron Acemoglu e James A. Robinson, explica “as origens do poder, da prosperidade e da pobreza” usando a seguinte grelha de análise: povos com instituições inclusivas prosperam, povos com elites extractivas sem limites ao seu poder caranguejam na corrupção e na pobreza.
Vou socorrer-me da síntese que li neste livro sobre a corrupção da dupla Alberto Fujimori, presidente do Peru de 1990 a 2000, e do seu braço direito Vladimiro Montesinos.
Este Montesinos registava meticulosamente o “quando”, o “quem” e o “quanto” gastava nas suas compras de pessoas. Várias dessas aquisições foram filmadas e, mais tarde, acabaram nas televisões e ainda são acháveis na internet.
Com aquela “contabilidade” de Montesinos ficou a saber-se a cotação dos subornados: juízes e políticos ficavam entre 5 a 10 mil dólares por mês; já uma manchete de um jornal podia valer entre 3 a 8 mil dólares e os donos de televisões e de jornais levavam milhões de dólares. É que Fujimori e Montesinos achavam o poder mediático muito mais perigoso para eles do que o político ou o judicial.
Editada a partir daqui |
Ora, para mexer naquela “disponibilidade transitória de capitais” do espírito santo, o banqueiro também tinha um meticuloso braço direito que registava tudo: o suíço Jean-Luc Schneider.
Já são conhecidos alguns dos milhões que foram sendo off-chorados por Jean-Luc para políticos, testas de ferro, gestores e fauna equivalente, mas ainda há muito nevoeiro naqueles números. Ainda não dá para destrinçar bem as cotações daquele mercado peculiar do dr. Ricardo Salgado. Bava valia mais que Granadeiro? Pinho menos do que o testa dura?
E os fluxos azuis para os media? Cadê a anunciada lista de avençados do BES que escrevem nos jornais e parlapiam nas televisões?
Comentários
Enviar um comentário