Obrar*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 18 de Abril de 2008

1. Entrámos em mais um ciclo de cimento e alcatrão. Com a chegada dos fundos comunitários e a pressão do calendário eleitoral, chegou o tempo das empreitadas; vamos ter um ano e meio de reportagens com políticos de fato escuro e capacete amarelo enfiado no cocuruto.

Do ministro com o livro de cheques mais recheado ao presidente de junta da mais pequena freguesia, tudo se prepara para “obrar” rapidamente e em força.

Portugal, com este obreirismo todo, progride como o caranguejo nos rankings da União Europeia. Vai ser ultrapassado até pelos países do leste que aderiram à União Europeia em 2004.

O dinheiro abundante e fácil dos últimos 20 anos, proveniente dos fundos comunitários, aumentou a corrupção e fez o país perder o sentido da frugalidade. A mancebia cada vez mais descarada entre as elites políticas e as elites económicas não ajuda nada.

Estraga-se muito. Esquece-se que o dinheiro dos fundos comunitários é fruto do suor do trabalho dos europeus (também do suor dos portugueses) e que deve ser gerido com critério e a pensar no interesse público.

Fotografia Olho de Gato

2. Li, na última edição deste jornal, que o Estudo para o Centro Histórico de Viseu recomenda a requalificação da Praça D. Duarte e da Rua Grão Vasco. Deve ser defeito meu, mas não percebo. Qual é a ideia? Tirar granito novo para pôr granito novo?

3. Tanto José Sócrates como Fernanda Câncio têm feito um esforço enorme para que a sua vida privada fique privada. Têm esse direito e merecem aplauso por esse esforço.

No último sábado, o vice-presidente do PSD, Rui Gomes da Silva, convocou uma conferência de imprensa e falou do “relacionamento” do primeiro-ministro. Apetece-me perguntar como o blogue Boas Intenções: “Estes senhores vêm com cérebro incluído?”

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