Sem perdão*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 7 de Março de 2008

Daqui

Dois caminhos permitem às pessoas tentarem melhorar a vida: emigrar ou estudar.

Emigrar é não temer “o animal que espeta os cornos no destino” de que falava Natália Correia. Viseu sabe bem o que é a emigração. Muitos viseenses emigraram e, dessa forma, conseguiram uma vida que cá nunca teriam.

Estudar é outra esperança de ascensão social. As famílias fazem sacrifícios enormes para “darem um curso” aos seus filhos e, desse modo, esperam para eles um futuro melhor.

Ora esse esforço das famílias está a ser torpedeado pelo eduquês que manda no Ministério da Educação. O facilitismo nas escolas começou a andar a trote no início dos anos 90 com a dupla Joaquim Azevedo - Roberto Carneiro e galopa agora com Maria de Lurdes Rodrigues de uma maneira nunca vista.

Os alunos precisam de perceber que é com trabalho que se conseguem coisas e se alcançam metas na vida. Não ajuda nada eles verem que é tudo nivelado por baixo. É mau eles verem que os que não ligam peva à escola têm sempre um Plano de Recuperação ou uma Nova Oportunidade. Às vezes até com um computador portátil de brinde. Para enfeitarem as estatísticas do “sucesso” educativo, os governos enviam aos alunos sinais errados. Sinais péssimos.

Quando o poder político tudo faz para baixar o nível de exigência na escola pública, soam as campainhas de alarme nas famílias. As famílias ricas já puseram há muito os filhos nos colégios privados e as da classe média começam a considerar essa hipótese.

No fundo é isso: ao sabotar a escola pública com o laxismo, o Ministério da Educação atraiçoa fundamentalmente os pobres. Não tem perdão.

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