Cinzas*
* Publicado hoje no Jornal do Centro
1. Um dos truques mais usados para desconversar é deslocar o foco da mensagem para o mensageiro. O sr. A faz uma afirmação, mas o sr. B, em vez de tratar dos méritos ou deméritos da dita afirmação, põe é um carimbo mau no sr. A.
Há mais formas de desconversar mas deitar abaixo o mensageiro é o exercício preferido nas querelas de opinião dos media e das tribos das redes sociais. E, claro, para denegrir o mensageiro, chovem ataques ao seu carácter.
O padre Gonçalo Portocarrero de Almada não concedeu coragem nenhuma ao político Adolfo Mesquita Nunes por este ter assumido a sua homossexualidade. Coragem seria o político fazer “essas mesmas declarações na Arábia Saudita”, escrevinhou o clérigo para, com este truque retórico manhoso, apoucar o vice-presidente do CDS.
2. A ascensão meteórica de Elina Fraga no PSD de Rui Rio diz muito sobre a natureza leninista dos nossos partidos. Em nenhum deles há dinâmicas de baixo para cima. As políticas são definidas em cima e seguidas em baixo. E os lugares de influência são monopolizados pelo topo que controla também as sobras para a restante cadeia alimentar.
Portanto, para se ter poder e influência no nosso sistema partidário, ou se faz o complicado e demorado caminho para chegar a chefe ou se escolhe um muito mais fácil e rápido: ser guru do chefe. A fatal Elina usou este atalho.
3. Na noite de 15 para 16 de Outubro, o inferno varreu a nossa região. Há um antes e um depois daquela tragédia. Que não pode ser esquecida.
E há um registo visual daquela devastação que é obrigatório ver: a exposição do fotógrafo Miguel Valle de Figueiredo denominada “Cinzas”. Está na Galeria da Acert, em Tondela, até 31 de Março.
Estas imagens rigorosas, magistrais, são “um murro no estômago”. Precisam de circular pelas nossas galerias. E, depois, deviam ser postas nas paredes do Conselho de Ministros para lembrarem este governo e os próximos que o país não é só Lisboa e o litoral.
1. Um dos truques mais usados para desconversar é deslocar o foco da mensagem para o mensageiro. O sr. A faz uma afirmação, mas o sr. B, em vez de tratar dos méritos ou deméritos da dita afirmação, põe é um carimbo mau no sr. A.
Há mais formas de desconversar mas deitar abaixo o mensageiro é o exercício preferido nas querelas de opinião dos media e das tribos das redes sociais. E, claro, para denegrir o mensageiro, chovem ataques ao seu carácter.
O padre Gonçalo Portocarrero de Almada não concedeu coragem nenhuma ao político Adolfo Mesquita Nunes por este ter assumido a sua homossexualidade. Coragem seria o político fazer “essas mesmas declarações na Arábia Saudita”, escrevinhou o clérigo para, com este truque retórico manhoso, apoucar o vice-presidente do CDS.
2. A ascensão meteórica de Elina Fraga no PSD de Rui Rio diz muito sobre a natureza leninista dos nossos partidos. Em nenhum deles há dinâmicas de baixo para cima. As políticas são definidas em cima e seguidas em baixo. E os lugares de influência são monopolizados pelo topo que controla também as sobras para a restante cadeia alimentar.
Portanto, para se ter poder e influência no nosso sistema partidário, ou se faz o complicado e demorado caminho para chegar a chefe ou se escolhe um muito mais fácil e rápido: ser guru do chefe. A fatal Elina usou este atalho.
3. Na noite de 15 para 16 de Outubro, o inferno varreu a nossa região. Há um antes e um depois daquela tragédia. Que não pode ser esquecida.
Fotografia de Miguel Valle de Figueiredo |
E há um registo visual daquela devastação que é obrigatório ver: a exposição do fotógrafo Miguel Valle de Figueiredo denominada “Cinzas”. Está na Galeria da Acert, em Tondela, até 31 de Março.
Estas imagens rigorosas, magistrais, são “um murro no estômago”. Precisam de circular pelas nossas galerias. E, depois, deviam ser postas nas paredes do Conselho de Ministros para lembrarem este governo e os próximos que o país não é só Lisboa e o litoral.
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