A verdadeira mão

Bansky




A verdadeira mão que o poeta estende
não tem dedos:
é um gesto que se perde
no próprio acto de dar-se

O poeta desaparece
na verdade da sua ausência
dissolve-se no biombo da escrita

O poema é
a única
a verdadeira mão que o poeta estende

E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta

Ana Hatherly



Comentários

  1. Maria Tereza Estrabon Falabella4 de maio de 2012 às 01:46

    Pois então...é um sufoco!
    Maria Tereza

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    1. Olá, cara Maria Tereza
      Uma parte dos poemas que se encontram são sobre "o poeta" ou "a poesia" — na minha cabeça saem logo da categoria de "poesia" para a sub-categoria de "meta-poesia" e normalmente já nem os continuo a ler.
      Provavelmente esse meu preconceito faz-me perder excelentes poemas e ainda bem que li este de Ana Hatherly até ao fim.
      :-)

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  2. Maria Tereza Estrabon Falabella4 de maio de 2012 às 22:22

    Não sou muito esperta para entender poesias e poemas! Tenho me esforçado...
    às vezes, encontro algum que me leva às lágrimas, não sei se porque bom ou porque naquele momento eu estava menos burra.Poesia não é explícita e nem sempre consigo atingir a alma do poeta.
    Quando acontece aperta mesmo a garganta...então a moça tem razão.
    Maria Tereza

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