O flagelo Marcelo e um conselho a Pedro Nuno Santos*

* Hoje no Jornal do Centro

1. Eis um filme já muitas vezes tratado aqui no Olho de Gato: nos primeiros mandatos, preocupados com a sua reeleição, os presidentes da república funcionam como uma espécie de sacristãos dos primeiros-ministros e a seguir, nos segundos mandatos, os PR exercem os seus poderes sem contemplações.

Tudo começou em 1982, quando um desconfiado Ramalho Eanes fez questão de informar o país que estava a gravar os encontros com Pinto Balsemão, o PM de então.

Depois as coisas nunca mais pararam. Eis o histórico das relações entre Belém e S. Bento, já aqui publicado mais do que uma vez:

— entre 1986 e 1991, preocupado com a sua reeleição, o PR Soares fez os fretes todos ao PM Cavaco; a seguir, no segundo mandato, o PR Soares infernizou a vida do PM Cavaco;

— entre 1996 e 2001, preocupado com a sua reeleição, o PR Sampaio fez os fretes todos ao PM Guterres; a seguir, no segundo mandato, o PR Sampaio infernizou a vida do PM Durão Barroso e correu com o “menino guerreiro”;

— entre 2006 e 2011, preocupado com a sua reeleição, o PR Cavaco fez os fretes todos ao PM Sócrates; a seguir, no segundo mandato, o PR Cavaco correu com o PM Sócrates, levou o PM Passos ao colo e exigiu papéis assinados à Geringonça;

— entre 2016 e 2021, preocupado com a sua reeleição, o PR Marcelo fez os fretes todos ao PM Costa; a seguir, no segundo mandato, o PR Marcelo flagelou o PM Costa e já está também a tratar da vida do “rural” PM Montenegro.

Para evitar esta esquizofrenia institucional, em que nos primeiros cinco anos temos PR de menos e nos segundos cinco anos temos PR de mais, defendo há muito um mandato único de sete anos para a presidência da república.


2. Marcelo Rebelo de Sousa, ao mesmo tempo que desperfilhava o dr. Nuno Rebelo, decidiu perfilhar um dos dogmas centrais da religião woke, o que determina que todos os males passados, presentes e futuros do mundo são culpa do homem branco, dos filhos do homem branco e dos filhos dos filhos do homem branco.

Deixo aqui um conselho a Pedro Nuno Santos: não se meta neste atoleiro das “reparações coloniais”, não condene a esquerda democrática à irrelevância política.

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