PREC — Precarização Em Curso
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"De certa forma, o ano de 1968 marcou o início do precariado (...) depois de terem protestado contra o capitalismo, os 'baby boomers' aceitaram as pensões de reforma e outros benefícios, incluindo os produtos baratos provenientes das economias de mercado emergentes e, com isso, abriram as portas para a flexibilidade e para a insegurança dos seus sucessores."
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"Com um processo global de trabalho flexível, os velhos mecanismos de ordenação e o sistema LIFO (o último a entrar é o primeiro a sair, «last-in, first-out») foram quebrados.
As recessões aceleraram agora a tendência para o trabalho precário, favorecendo o emprego das pessoas mais resignadas a aceitar salários mais baixos e menos benefícios."
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"As pessoas que fazem trabalhos de carácter temporário normalmente não correm a pedir subsídios. Muitas vezes, fazem-no com relutância, depois de sentirem as dificuldades que isso acarreta.
Deste modo, as dívidas e as obrigações para com os parentes, amigos e vizinhos aumentam, e os agiotas espreitam.
A armadilha do precariado torna-se ainda mais terrível."
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"Uptitling - "um epíteto altissonante a alguém que realiza um trabalho que não exige grandes qualificações e que não leva a lugar nenhum, a si ou à sua função, para esconder as tendências de precariado que ele envolve.
(...) "coordenador de front-office", "especialista em documentos electrónicos", "técnico de distribuição de meios de informação" (paquete), "oficial de reciclagem" (responsável por esvaziar o caixote de lixo) (...)"
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"São cada vez mais as pessoas que são detidas, acusadas e presas, tornando-se cidadãos de segunda ou subcidadãos (denizens), sem direitos fundamentais, na sua maioria limitados a uma existência no seio do precariado. (....)
Ao contrário da previsões de Michel Foucault, David Rothman e Michael Ignatieff, na década de 70 do século XX, que julgavam estar a prisão em declínio terminal (...)"
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"Parte do processo que está a gerar o precariado vem da estupidificação planeada do sistema educativo.
(...) [Na GB, em 2007, foram identificados] 401 «não-cursos», entre os quais um grau de mestrado em «aventura ao ar livre com filosofia», oferecido no University College Plymouth St. Mark and St. John, e um em «gestão de estilo de vida», na Leeds Metropolitan University."
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"É preciso haver uma inversão do emburrecimento inerente à escolarização do «capital humano».
(...) os especialistas falam de uma perda de capacidade de ler e de uma «massificação» do síndrome do défice de atenção. (...)
Deve voltar a dar-se a primazia à educação libertadora, considerada importante em si mesma; e os que promovem a mercantilização da educação devem ser energicamente combatidos."
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"Os subsídios ao capital e ao trabalho devem ser eliminados.
Este tipo se subsídios promove a desigualdade e não beneficia o precariado.
Se metade do dinheiro que foi gasto em ajudas aos bancos fosse atribuído a bolsas de estabilização económica, seria possível fornecer uma bolsa mensal decente a todos os cidadãos durante vários anos."
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[Dos 993 milhões de activos chineses], "à volta de 200 milhões são migrantes rurais atraídos para as novas fábricas onde as entidades contratantes chinesas e estrangeiras agem como intermediários de empresas multinacionais de renome vindas de todo o mundo.
Estes migrantes [sem licença de residência 'hukou'] são o motor do precariado global, subcidadãos no seu próprio país."
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"Algumas fábricas obrigam inclusivamente os trabalhadores a usar fatos-macacos ou uniformes de cores diferentes de acordo com o seu estatuto laboral, um caso em que a vida imita a ficção, lembrando os alfas e os epsílones do 'Admirável Mundo Novo' de Aldous Huxley."
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"Os políticos sociais-democratas temiam mencionar a desigualdade, e temiam cada vez mais enfrentá-la, aceitaram a falta de segurança no emprego e o trabalho flexível e desprezaram a liberdade, ao promover o estado panóptico.
Perderam a credibilidade perante o precariado quando se descreveram a si próprios como "classe média" e tornaram a vida dos não conformistas cada vez mais difícil e insegura.
Está na hora de seguir em frente por outro caminho.»
in O PRECARIADO A NOVA CLASSE PERIGOSA,
de Guy Standing
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