A entrevista*

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 30 de Maio de 2013

1. Como já aqui foi referido, um dos tópicos incontornáveis destas eleições autárquicas em Viseu é o legado do dr. Ruas e o candidato que precisa de se demarcar mais dele é António Almeida Henriques. 

É por isso que não surpreende o mantra do candidato do PSD — “novo ciclo” / “ciclo novo” / “equipa nova” (mantra repetido ao longo da entrevista que deu a este jornal há duas semanas). A forma como ele começou a entrevista foi muito bem conseguida. Disse ele: “Viseu teve um surto de progresso nos últimos trinta anos e importa neste momento dar-lhe um novo ciclo.”

Nesta simples frase, o candidato do PSD amalgamou os 24 anos do dr. Ruas com os mandatos anteriores e entregou-os à história, ao “antigo ciclo”. Nesse “antigo ciclo”, naturalmente, eles acompanham o “progresso” alcançado nos anos de Engrácia Carrilho.

Com esta referência a trinta anos, Almeida Henriques pretende alcançar dois objectivos: (i) colocar mais depressa o dr. Ruas nas prateleiras da história e (ii) disputar a Hélder Amaral o eleitorado centrista.


2. O candidato do PSD, nesta entrevista, anunciou que a sua campanha vai ter figuras de “referência nacional”. A primeira foi Augusto Mateus, um dos gurus do “aeromoscas” de Beja, que veio cá falar sobre “logística e transportes”. 

Chegado cá, o homem propôs um “centro logístico” para Viseu. Os media locais fizeram de pé-de-microfone, mas a nossa blogosfera gozou com o facto de Augusto Mateus não ter defendido para aqui o mesmo que para Beja: uma plataforma para a exportação de peixe.

Caro António Almeida Henriques: que tal fazer uma visitinha aos 96 hectares da “Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda (PLIEG)”? Aproveite a visita para tentar convencer os accionistas privados da PLIEG a investirem também no tal “Centro Logístico de Viseu” proposto, com tanta “originalidade”, pelo seu convidado.

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