O legado*

 * Texto publicado hoje no Jornal do Centro

A estrear a sua nova imagem gráfica, o Diário de Viseu saiu com uma sumarenta primeira página com Fernando Ruas em discurso directo: “Há muitos a quererem que volte daqui a 4 anos”.     

Os dois pontos principais desta entrevista saída em 2 de Maio foram o “regresso” e o “legado” do dr. Ruas.    

1. Sobre o “regresso” não há nada de novo a dizer. O que escrevi aqui nesta coluna em 4 de Janeiro, ainda não havia candidato oficial do PSD, mantém actualidade.      

Transcrevo-o: “o dr. Ruas não se cansa de repetir que regressa em 2017. Ora, perante esta sombra, como é que Almeida Henriques vai convencer as pessoas que é um candidato a sério e não alguém que só quer tomar conta da “quinta” durante quatro anos?”     

2. O “legado” e a avaliação do que fez é agora a principal preocupação do dr. Ruas. Está a fazer isso através de entrevistas e a edição de livros. A ansiedade perante o juízo da história faz parte da natureza humana, essa ansiedade não percebe que têm que ser outros e não o próprio a fazerem essa avaliação.     

Fica já aqui o meu juízo objectivo sobre o trabalho do dr. Ruas: ele foi um bom presidente da câmara, fez coisas bem, fez coisas mal, mas fez muito mais coisas bem que coisas mal.      

Note-se: esta avaliação positiva já tem em conta este último mandato, o mais fraco dos seis. Valha a verdade, estes últimos anos da oposição socialista, com a deserção maciça da lista de Ginestal, foram ainda piores.     

O eleitorado viseense vai votar no candidato que lhe der melhores garantias que as coisas vão continuar a funcionar bem, sem rupturas nem aventureirismos.      

Ora, Almeida Henriques precisa de romper muito mais com o “legado” do dr. Ruas do que José Junqueiro. É que o candidato do PSD precisa de se assumir como um candidato a presidente da câmara e não como um guardador da “quinta” por quatro anos. Não lhe vai ser fácil desatar este nó.

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