Sopradores-no-trombone, filmes e aleluias

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1. O julgamento de Rui Pinto vai ter uma testemunha marcante: o “whistleblower” Edward Snowden.


Entre nós, a palavra inglesa “whistleblower” (soprador-no-apito) costuma ser traduzida por “denunciante”, designação curta, poucochinha, se aplicada a Rui Pinto ou Edward Snowden. É que eles, quando botaram a boca no trombone, causaram sismos e cismas globais.

Para além das revelações sobre os negócios do futebol, o hacker português, com as suas Luanda Leaks, acelerou a ruptura entre o presidente angolano João Lourenço e o clã José Eduardo dos Santos. Para além disso, obrigou à higienização do capital de várias empresas portuguesas, num processo ainda em curso que está a consumir quantidades enormes de álcool-gel e produtos para branquear as cumplicidades lusas com Isabel dos Santos.

Mas, claro, os feitos do novo “funcionário” da nossa Polícia Judiciária não podem ser comparados com o impacto e a força moral das revelações de Edward Snowden. Este provou que o governo norte-americano vigiava as comunicações de toda a gente, num programa maciço de intercepção de telefones e computadores em todo o mundo, incluindo de governantes amigos, como Angela Merkel e Dilma Rousseff.

Foi um sobressalto de consciência que obrigou aquele admirável soprador-no-trombone a trocar uma situação pessoal muito confortável pelo risco de vida e o exílio.

Snowden entregou os dados que desviou da Agência de Segurança Nacional (NSA) aos jornalistas Glenn Greenwald e Laura Poitras que, justiça lhes seja feita, fizeram com eles um trabalho impecável.

Depois, com o prestígio e os prémios alcançados, Glenn e Laura fundaram a The Intercept. Esta publicação online, em 2017, não teve cuidado a proteger uma sua fonte anónima que lhe tinha feito chegar um relatório secreto sobre ataques cibernéticos russos. Desleixo que condenou uma jovem funcionária da NSA chamada Reality Winner (é mesmo esse o nome) a passar cinco anos e três meses na realidade perdedora de uma prisão.


O grande Oliver Stone fez um bom filme biográfico de Edward Snowden. A história de Rui Pinto também tem potencial para um biopic. Já para a The Intercept aconselha-se uma comédia de enganos. Ou um filme de terror.


2. Aleluia! Aleluia! Finalmente, esta semana, no dia 16 de Setembro, a câmara de Viseu emitiu um comunicado sobre a situação da Covid-19 no concelho. Vale mais tarde do que nunca.

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