A rua *
* No Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 24 de Setembro de 2010
1. O tempo que costumo guardar para fazer esta crónica teve que ser dividido com a arrumação da lenha. Acabo de passar umas duras horas a acamar cavacos sobre cavacos.
Este “convívio” com bocados de carvalho serrotado lembrou-me a escavacação em que caiu a esquerda. Bem sei: acabo de fazer uma associação de ideias demasiado óbvia e um jogo de palavras grosseiro, mas toda esta actividade braçal não é propícia a grandes subtilezas.
2. Nos próximos quatro meses, o PS vai dar um apoio burocrático e frio à campanha alegre. Registe-se em acta que Sócrates respeitou impecavelmente a democracia interna do partido na decisão do apoio a Alegre.
Já Francisco Louçã, traumatizado pelo que lhe aconteceu em 2006 e antes que o obrigassem outra vez a ser humilhado nos votos, logo que pôde endossou Alegre e nem quis saber o que pensava o bloco. Apoiou primeiro e perguntou aos órgãos do partido depois.
Percebeu-se bem que o bloco de esquerda é dirigido por uma elite caviar que já nem precisa de fingir que liga às suas tropas.
Por sua vez, o PCP não perdoa a Carvalho da Silva ter apoiado António Costa para a câmara de Lisboa e preferiu arranjar um candidato sem notoriedade pública nenhuma. Isto é: o PCP está-se nas tintas para as presidenciais.
Há uma ironia nisto: os partidos da esquerda de protesto privilegiam o parlamento – a instituição suprema da “democracia burguesa”. Quer o bloco quer o PCP nunca contam para uma solução de governo e, desta vez, também não vão ter nenhum papel na eleição presidencial.
Enquanto o bloco faz política no parlamento e nos media (e aqui já teve melhores dias), o PCP usa o parlamento e a “rua”.
Nos dias negros que aí vêm, a “rua” vai falar alto. Muito alto.
E depois, o que vai acontecer? O bloco e o PCP vão ajudar a direita a derrubar Sócrates?
Acamar cavacos |
1. O tempo que costumo guardar para fazer esta crónica teve que ser dividido com a arrumação da lenha. Acabo de passar umas duras horas a acamar cavacos sobre cavacos.
Este “convívio” com bocados de carvalho serrotado lembrou-me a escavacação em que caiu a esquerda. Bem sei: acabo de fazer uma associação de ideias demasiado óbvia e um jogo de palavras grosseiro, mas toda esta actividade braçal não é propícia a grandes subtilezas.
2. Nos próximos quatro meses, o PS vai dar um apoio burocrático e frio à campanha alegre. Registe-se em acta que Sócrates respeitou impecavelmente a democracia interna do partido na decisão do apoio a Alegre.
Já Francisco Louçã, traumatizado pelo que lhe aconteceu em 2006 e antes que o obrigassem outra vez a ser humilhado nos votos, logo que pôde endossou Alegre e nem quis saber o que pensava o bloco. Apoiou primeiro e perguntou aos órgãos do partido depois.
Percebeu-se bem que o bloco de esquerda é dirigido por uma elite caviar que já nem precisa de fingir que liga às suas tropas.
Por sua vez, o PCP não perdoa a Carvalho da Silva ter apoiado António Costa para a câmara de Lisboa e preferiu arranjar um candidato sem notoriedade pública nenhuma. Isto é: o PCP está-se nas tintas para as presidenciais.
Há uma ironia nisto: os partidos da esquerda de protesto privilegiam o parlamento – a instituição suprema da “democracia burguesa”. Quer o bloco quer o PCP nunca contam para uma solução de governo e, desta vez, também não vão ter nenhum papel na eleição presidencial.
Enquanto o bloco faz política no parlamento e nos media (e aqui já teve melhores dias), o PCP usa o parlamento e a “rua”.
Nos dias negros que aí vêm, a “rua” vai falar alto. Muito alto.
E depois, o que vai acontecer? O bloco e o PCP vão ajudar a direita a derrubar Sócrates?
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