Bonsai*

* No Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 10 de Setembro de 2010


1. Na semana passada, escrevi aqui sobre as as “bombas do século XXI” que iam participar na rampa do Caramulo. Estava a contar com uma aguerrida “cavalaria” moderna monte acima. Tal não aconteceu.

A estagnação que se vive em Portugal desde 2002 sente-se também no nosso automobilismo de competição. Tal como o país, também as corridas estão a andar para trás como o caranguejo.
Foram pouquíssimas as “bombas” do século XXI no Caramulo. Eram quase todas do século passado.

2. Paul Schrader é mais conhecido pelos argumentos que escreveu (“Taxi Driver” e “Touro Enraivecido” são inesquecíveis) do que pelos filmes que realizou (“Rapariga na Zona Quente” e “American Gigolo” foram os de maior sucesso).

O seu primeiro filme - “Blue Collar” (1978) - é uma história que se passa entre operários da indústria automóvel americana num tempo em que fazia ainda sentido a diferença entre os colarinhos brancos dos serviços e os colarinhos azuis dos fatos-macacos dos operários.
Um dos operários passa o filme a chutar para canto enquanto a filha lhe pede um aparelho para endireitar os dentes. Ele não tem dinheiro. No fim, a filha, ela própria, espeta uns arames nas gengivas. Um desespero.

Sempre que oiço dizer que querem cortar as deduções das despesas de saúde no IRS dos portugueses lembro-me desta cena de “Blue Collar” de Paul Schrader.


3. Paul “Swifty” Lazar, um bem-sucedido agente de Hollywood, era um homem baixinho, um meia-leca. Uma vez o realizador Billy Wilder, irritado com ele, disse: «esse tipo devia ir enforcar-se num bonsai!»

No ano passado Maureen Dowd, no New York Times, recomendou a mesma penduração ao “querido líder” da Coreia do Norte, Kim Jong Hill.

Perante o que se está a passar com os direitos das minorias em França, eu digo:
«Sr. Sarkozy, vá enforcar-se num bonsai!»

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