Ossos do ofício
Não sei se combata a preguiça
Se a vontade de fazer:
Enquanto um eu se espreguiça
O outro eu tem cobiça
Que me espreguice a doer.
Não sei se combata a preguiça
Se a vontade de fazer
Pois quando o empenho me atiça
Fica a vontade submissa
Ao que a preguiça me der.
Para os meus ossos do ofício
Ai o ócio não traz cálcio.
Se torno o trabalho em vício
É um ópio e não traz ócio.
Tanto santo Sacrifício
Não sei se combata a preguiça
Se a vontade de fazer:
Enquanto um eu está na liça
O outro eu só tem pressa
De ter com que se entreter.
Não sei se combata a preguiça
Se a vontade de fazer.
Faço por razão omissa
A missão que mais interessa
Que é tentar não me mexer.
Para os meus ossos de ofício
Ai o ócio não traz cálcio.
Se torno o trabalho em vício
É um ópio e não traz ócio.
Tanto Santo Sacrifício
Vai o suor vem o suplício
Fogo fátuo de artifício
Trago um canhão pró comício
Acabou-se o armistício.
Samuel Úria
Comentários
Enviar um comentário