A aurora dissolve os monstros
Fotografia de Tom Grimbert |
Ignoravam
que a beleza do homem é maior do que o homem
Viviam para pensar pensavam para se calarem
Viviam para morrer eram inúteis
Ocultavam a sua inocência na morte
Tinham posto em ordem
sob o nome de riqueza
sua miséria sua bem-amada
Mastigavam flores e sorrisos
Só encontravam um coração na ponta das carabinas
Não percebiam a injúria dos pobres
Dos pobres amanhã sem problemas
Sonhos sem sol tornavam-nos eternos
Mas para que a nuvem se transformasse em lama
Desciam deixavam de fazer frente ao céu
A noite do seu reino a sua morte a sua bela sombra miséria
Miséria para os outros
Esqueceremos estes inimigos indiferentes
Em breve uma multidão
Repetirá baixinho a chama clara
A chama para nós dois unicamente paciência
Para nós dois em toda a parte o beijo dos vivos.
Paul Éluard
Trad.: António Ramos Rosa
e Luiza Neto Jorge
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