Cochichos*

* Hoje no Jornal do Centro



1. Os partidos vivem de dinheiros públicos, mas são pouco escrutinados. Os media raramente abordam o seu funcionamento e o Tribunal Constitucional deixa prescrever tudo. As leis regulatórias dos partidos têm que ser aprovadas por eles na assembleia da república e, por artes mágicas e azares diversos, atrasam, atrasam, atrasam...

Esses "atrasos", neste Verão, fizeram prescrever multas a todos os partidos e aos seus responsáveis financeiros. Mais uma vez, impunidade total. A todos eles.

A lógica partidária separa o "cá dentro" do "lá fora", para que o "fora" não saiba nada do "dentro". Quem não cumprir esta regra é marginalizado. Esta "omertá" convém aos nano-chefes locais que tratam dos tachitos e serve aos macro-chefes nacionais que controlam os melhores lugares e gerem, na base do ajuste directo, muitos milhões de euros recebidos do orçamento do estado.


Imagem daqui
2. Nas últimas eleições para a concelhia do PS-Viseu, não houve nenhuma ideia política nem nenhum debate entre os candidatos. Lúcia Silva socorreu-se da conversa de pé-de-orelha arregimentadora de votos e Gonçalo Ginestal confiou nos nomes sonantes da sua lista. Foi uma eleição entre o PS do cochicho e o PS das famílias, como na altura aqui escrevi. Ganhou o cochicho.

Agora, por causa da convocatória de uma comissão política com duração de meia hora, uns "socialistas indignados", sob anonimato, vieram queixar-se a este jornal do "autoritarismo" da facção do cochicho. Que havia "assuntos internos algo delicados" que, se "tratados à porta aberta", lhes retirava a "liberdade de expressão suficiente para se manifestarem".

Depois das eleições e das queixas-crime no ministério público, há finalmente sintonia total na concelhia de Viseu. O PS das famílias está igual ao PS do cochicho: zero ideias, um muro alto a esconder o "dentro" do "fora", cochichos para os militantes e para os jornais, ninguém a dar a cara.

António Almeida Henriques agradece.


Comentários

  1. COCHICHOS…

    Pode o marido da presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) ser o ministro com a pasta do Turismo?
    Pedro Siza Vieira diz que sim, porque a AHP é uma entidade sem fins lucrativos.

    No entanto, é a terceira (terceira) vez que Siza Vieira se vê confrontado com a questão (redutora, óbvio!!!) das incompatibilidades.
    Na verdade, quando foi nomeado ministro adjunto, pediu escusa de decidir em matéria de energia pois tinha assessorado a China Three Gorges, só a dona da EDP!
    A aguarda decisão do Tribunal Constitucional sobre o facto de ter criado uma imobiliária (na véspera) de entrar para o governo. Curioso é ter sido gerente e ministro ao mesmo tempo…

    Tudo cochichos!!!

    Como aquele senhor que gesticula muito e é tudólogo…um tal de Galamba agora ser “secretário de estado de qualquer coisa”

    Tudo cochichos, a Bem dos Ideais!!!!

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