A uma trança de cabelos negros

Fotografia de Mike Fox



Diversa em cor, igual em bizarria
Sois, bela trança, ao lustre Sofala,
Luto por negra, por vistosa gala,
Nas cores noite, na beleza dia.

Negra, porém de amor na monarquia
reinas senhora, não servis vassala;
Sombra, mas toda a luz não vos iguala;
Tristeza, mas venceis toda a alegria.
Tudo sois, mas eu tenho resoluto
Que sois só na aparência enganadora
Negra, noite, tristeza, sombra, luto.

Porém na essência, ó doce matadora,
Quem não dirá que sois, e não diz muito,
Dia, gala, alegria, luz, senhora?
Frei Jerónimo Baía




Comentários

  1. Gertrudes da Silva partiu!
    Partiu um Capitão de Abril e Homem integro.

    Nos finais dos anos setenta um grupo de jovens oficiais e sargentos chegaram ao RIV, vindos de Mafra. De Mafra nunca guardei saudades. O ambiente “estupido/militar” e as suas regras, nunca foram entendidas por mim.

    Tendo assistido à crise de 1969 (Coimbra), fiquei (e sou) um radical militante anti-praxes. Ora, a praxe era (e é) um acto com muita tradição nos “homens fardados, pelo que sempre houve um choque “civilizacional” entre mim e a instituição.
    A tradição mandava que houvesse uma “recepção” aos novos mafrenses. Mas, a surpresa (total) aconteceu na primeira reunião com o major Gertrudes da Silva, quando afirma: “ Na minha unidade não permito praxes sobre os meus homens”. Nem queria acreditar no que estava a ouvir. O quê!?? Afinal há gente que pensa sem ser com as botas? Fantástico!

    Posteriormente, a minha vida profissional levou-me a ficar em Viseu e por diversas vezes, em contexto social ou em participação em movimentos cívicos, encontrei o capitão Gertrudes da Silva. Sempre com o seu sorriso, a palavra amiga e as inteligentes e perspicazes intervenções.

    Um dia, lá “no infinito e mais além”, vou-lhe levar um Cravo de Abril!

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