Portugal dos pequenitos *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro



1. A urbanização difusa das últimas décadas fez crescer os subúrbios, multiplicando bairros à volta das cidades, que, estranhamente, continuam ausentes do discurso e das preocupações dos decisores locais e da comunicação social.

Procuremos exemplos disso no concelho de Viseu: não têm conta as proclamações, opiniões, movimentações, planos, para o quase desabitado Bairro da Cadeia, que toda a gente parece querer transformar numa espécie de Portugal dos Pequenitos.

Já quanto aos bairros de Rio de Loba ou de Abraveses, onde vivem milhares e milhares de pessoas a precisarem de melhor qualidade de vida, não há nada. Ninguém quer saber. Estão fora do octógono da propaganda municipal.

2. Os congressos distritais dos partidos têm sempre pouco impacto fora dos aparelhos e os media costumam ignorá-los olimpicamente. O que lá é dito e aprovado é irrelevante e fica em circuito fechado, para os presentes e com os presentes. Ser assim é da natureza das coisas, como as chuvas no verão prenunciarem míscaros com fartura no outono.

No domingo passado, na sequência da eleição no PS de António Borges como líder distrital, aconteceu no Instituto Politécnico de Viseu o respectivo congresso instalador dos vários órgãos distritais.

Ora, estes "eventos", mesmo sendo como se disse politicamente nulos, têm os seus rituais. Nos congressos, como se sabe, o que se passa designa-se sempre como "trabalhos" e os "trabalhos" iniciam-se com o "discurso de boas-vindas" do anfitrião.


Fotografia achada no Facebook
de António Borges
No domingo, no "novo" PS-Viseu, não houve tal coisa. O recém-eleito líder distrital calou o bico à também eleita presidente da concelhia de Viseu. O segurista António Borges não deixou que a costista Adelaide Modesto dissesse a meia dúzia de palavras habituais de boas-vindas aos congressistas.

Para ilustração da pequenez sectária da "nova" distrital do PS não está mal.

Comentários

  1. Foi um elegante gesto.
    Foi um piqueno gesto entre camaradas.
    Foi um lapso,porra!

    O elegante friso de novos dirigentes (conforme foto) promete serviço de manicura, pedicura e depilação ao PS Viseu.
    O discurso de posse do novo lider representa bem a nova pequena mentalidade.
    O mito Borges e o eterno jovem Miguel vão ser o trunfo para ganhar sempre.
    Então adeus...

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  2. Grande Alexandre. Frontal e sem papas na língua. É preciso dizê-lo: começaram bem. O discurso de posse foi o que se viu ou leu nas entrelinhas: eu sou bom, ganho eleições, onde me meto sai vitoria, etc. O discurso da sua apaniguada foi bizantino: olhem para nós, aprendam como se faz.
    Pronto e é isto. Os gajos são mesmo bons (embora haja quem não acredite e não tenha memoria curta)

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