Nómadas*

* Texto de há exactamente quatro anos, publicado no Jornal do Centro em 3 de Setembro de 2010


1. Neste fim-de-semana, acelera-se na rampa do Caramulo.

Aqueles carros têm um “cantar” asmático, típico dos motores de competição. Debaixo dos capôs, parece que os cavalos se atropelam uns aos outros. É adrenalina pura.

Para além das “bombas” do século XXI, há também as subidas de automóveis clássicos, cheios de história. Entre eles, sem nenhum sinal de reumatismo, um Bugatti 35B, de 1930, da colecção do museu do Caramulo, faz ainda hoje tempos muito interessantes.

A principal novidade, este ano, é um troféu de Ford Transits.



Quando li a notícia fiquei perplexo. Transits? Num campeonato de montanha? Aqueles paquidermes nómadas que aparecem em força em Viseu, às terça-feiras, na feira semanal junto à escola da Ribeira? Transits a acelerar monte acima?

Às tantas, na rampa do Caramulo, este ano e pela primeira vez, vai ser possível mercar barato Lacostes originais, das de marca com crocodilo e tudo, saídos das Transits. É só saber regatear.

2. O repatriamento de ciganos para a Roménia e a Bulgária – que está a ser feito por Sarkozy com luz verde do sr. Barroso – é um exercício errado e fútil.

Errado porque é obrigação dos estados reprimir criminosos mas nunca uma comunidade. Porque a culpa é individual, não é colectiva.

Fútil porque estes ciganos vão regressar à França. Por duas razões singelas, como diz o editorialista búlgaro Svetoslav Terziev: os ciganos “conhecem o caminho e têm a certeza de encontrar ali melhores condições de vida.”

Eles são cidadãos europeus e, portanto, podem viajar livremente na “Europa”.

É útil saber que nesta região há muitas tensões. Por exemplo, este ano, a Roménia já concedeu 100 mil passaportes a cidadãos moldavos. Está a fazer uma espécie de anexação demográfica usando a faculdade de “imprimir” passaportes comunitários.

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