Yottabytes *

* Texto publicado hoje no Jornal do Centro

     1. O ministro Relvas, no parlamento, disse que não gostava da resenha de imprensa que recebia do “espião” Jorge Silva Carvalho porque o tal serviço de clipping tinha “muita informação, nenhum conhecimento”.
     O ministro Relvas pôs o dedo numa ferida conhecida: quanto mais massa de informação, mais necessário é o seu tratamento. Caso contrário, há risco de “sobrecarga”. 
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      Esta “sobrecarga” tem sido uma fábrica de novas palavras: bytes, kilobytes, megabytes, gigabytes, terabytes, petabytes, exabytes, zettabytes, yottabytes... Cada uma mil e vinte e quatro vezes vezes maior do que a anterior.
     Num muito interessante artigo, Chad Wellmon explica-nos “Porque é que o Google não nos está a fazer estúpidos... nem espertos”. O artigo acha-se na internet, esse imenso palheiro em que, querendo-se, se acaba por achar a agulha pretendida.
     Já agora, se julga que o alarido que vai por aí sobre os riscos de “overdose” de informação é novo, está enganado. No seu tempo, avisou Séneca: “a abundância de livros é uma distracção”, alarmou-se Leibniz: “a horrível massa de livros continua a crescer”, desanimou-se Kant: demasiados livros encorajam as pessoas a “ler muito” e “superficialmente”.

     2. Reza assim o ponto 3.44 do Memorando de Entendimento: “existem actualmente 308 municípios e 4.259 freguesias. Até Julho de 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número destas entidades.”
     Pelo que se tem visto, neste assunto o ministro Relvas arrasta os pés, um ou outro “Milosevic” mais vocal ameaça abrir uma guerra de campanário, e todos os partidos querem manter intocado o actual boyismo autárquico.
     Pode acontecer é que — num futuro próximo, no provável segundo resgate a Portugal — os credores obriguem o país a cumprir mesmo o acordado. E então as coisas serão feitas à bruta.

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