Mixórdias *
* Texto publicado no Jornal do Centro em 9 de Novembro de 2007
1. Aqui, nas páginas do Jornal do Centro, Paulo Bruno Alves está a publicar uma interessante série de artigos de análise ao primeiro jornal diocesano de Viseu, A Folha, que se publicou de 1901 a 1911. Os dois últimos artigos trataram da “história das farinhas”, assunto que serviu para turbar mais ainda os anos perturbados do final da monarquia.
Paulo Bruno Alves transcreveu de A Folha, Agosto de 1902: «(...) causou profunda impressão a descoberta quasi casual de que ha dois annos grande parte da farinha consumida no paiz era feita de serradura e barro!».
Naqueles tempos, a panificação estava a trabalhar com um produto consistente e com um retorno financeiro interessante. Ainda por cima, como explica o historiador Rui Ramos, «Lisboa [tinha], no princípio do Séc. XX, o pão de trigo mais caro da Europa, a 80 réis o quilograma, o dobro do preço de Londres.»
2. Duas cooperativas leiteiras de Minas Gerais foram apanhadas a adicionar soro ao leite e, para disfarçar o sabor e dar mais durabilidade e volume à mistura, acrescentavam ainda água oxigenada, açúcar, soda cáustica, citrato de sódio, ácido cítrico e água.
Uma pesquisa no Google, com a expressão “leite fraudado”, dá toda a história e o “rigor” químico da coisa.
O deputado do PMDB, Paulo Piau, no último dia de Outubro, em plena Câmara dos Deputados, bebeu do tal leite...
... e disse: «É um produto fraudado? É, mas até o fraudado tem a sua qualidade. Sou contra a fraude, mas sou a favor do que está aí, o leite possível.»
A Polícia Federal brasileira já meteu 27 dentro.
Quanto ao deputado Paulo Piau, que dizer? Deseja-se que os seus intestinos funcionem ainda melhor que a sua cabeça.
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