17 – X - 2003

* Parte de um texto publicado no Jornal do Centro em 2007, na véspera da entrada em vigor do actual Código de Processo Penal que passou a proibir a divulgação de escutas telefónicas sem a autorização dos visados, mesmo de escutas já não em segredo de justiça.



Talvez seja bom lembrar o que aconteceu em 17 de Outubro de 2003, um dos dias mais negros da história do jornalismo português. 

Nesse dia, foi tornada pública uma frase dita ao telemóvel por Ferro Rodrigues. 
     
A frase escolhida cirurgicamente foi: «Estou-me a cagar para o segredo de justiça.»
     
Quase todos os “fazedores de opinião” criticaram duramente as palavras de Ferro Rodrigues; poucos condenaram a sua divulgação.
     
Eram os tempos do caso Casa Pia. Contra a histeria justicialista que se vivia nos media, ouviu-se, na altura, a voz corajosa de Miguel Sousa Tavares (MST). Na TVI, teve um diálogo bem vivo com Manuela Moura Guedes (MMG):

MST: «Estava eu a dizer que o meu primeiro trabalho, quando saí da faculdade, foi na Comissão de Extinção da Pide, onde tive ocasião de folhear muitos processos que a Pide tinha instruído aos antigos resistentes…» 

     
MMG: «Ó Miguel, por amor de Deus, não vais comparar o que agora vivemos com a Pide!»

     
MST: «Não vou comparar porque há uma diferença grande: é que as escutas da Pide não apareciam nos jornais e agora aparecem...»
     
A conversa continuou azeda.** 
     
Miguel Sousa Tavares foi firme a explicar que não é nas televisões nem nos jornais que se fazem julgamentos.
     
Por princípio, um telefonema é entre duas pessoas. E só entre elas.

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** Reprodução mais desenvolvida deste diálogo entre MST e MMG aqui.

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