Crepúsculo
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Quando às vezes te deixo
desamparado e nu
como se magoado depusesses
teu verdento contorno
na paz de um mausoléu
e me fitas ao longe
tocando-me ao de leve
na anca recolhida,
o algodão da saia a subjuga,
com a ponta dos olhos
a baça íris uiva
da cor do figo murcho
de quem só pensa em seus próprios retábulos
ansiosas epígrafes
de infância acometida por vária derisão.
Velado de negrura
zelas pelo teu recato,
no deserto lampejam as pistolas
e mais não te derimo
não forço a tua mão
não ouso recusar a sede que me ofereces
e se te fosse escrava
oferta, aberta, rouca
não duvido que fosse
tua mão amputar
a língua que navega à deriva
por entre o silabar coralíneo da troça
e revulsa e agita amotinando a boca.
Fátima Maldonado
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