António Borges *

* Texto publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 12 de Setembro de 2014


1. Faz hoje exactamente seis anos, em 12 de Setembro de 2008, publiquei aqui no Olho de Gato uma carta aberta dirigida a António Borges (na altura presidente da câmara de Resende), João Paulo Rebelo (na altura presidente da concelhia do PS em Viseu) e Miguel Ginestal (na altura vereador na oposição a Fernando Ruas).

Escrita quando Sócrates governava o país e o PS com mão de ferro e antes de umas eleições para as distritais socialistas, a carta aberta detalhava as razões que aconselhavam o fim, logo naquele ano, da longa liderança de José Junqueiro no distrito — ele não tinha peso político nenhum junto de Sócrates e tinha arranjado um telhado de vidro: estava, como consultor, na folha de pagamentos dos colégios privados do grupo GPS.

A carta, implicitamente, sugeria a António Borges, sem dúvida o socialista viseense mais influente e mais próximo de José Sócrates, para avançar para a distrital, e citava Peter Singer: «Somos responsáveis não só por aquilo que fazemos, mas também por aquilo que poderíamos ter impedido.»

Como é sabido, nada na altura foi impedido.



2. Entretanto passou muita água debaixo das pontes. Com seis anos de atraso e sem surpresa, António Borges acaba de ser eleito presidente da federação distrital socialista. Os concludentes 71% de António Borges confrontam-no agora com dois problemas:

(i) escolheu para lhe suceder em Resende uma figura muito fraca que, em menos de um ano, conseguiu deitar ao rio Douro toda a dinâmica política do concelho; como vai fazer o agora líder distrital do PS para não perder Resende em 2017?

(ii) no final de Maio, António Borges roeu a corda a António Costa, para espanto deste, e meteu-se num beco sem saída chamado Seguro; como vai fazer o agora líder distrital do PS para que — e repito uma expressão da tal carta aberta — Viseu deixe de ser "um distrito peso pluma no contexto nacional"?

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