Revolução *

Tenho uma revolução,

francesa, perfumada,

que entre 68 e 75 me levou

pela mão, em festa,

a conhecer os mistérios

do mundo.

Anda, desde então,

encavalitada pelas estantes,

entre despojos da memória

e insones sonhos por cumprir,

poemas desesperados,

amores antigos e já esquecidos,

vagos distúrbios de consciência

e muitas outras coisas

espalhadas

que não vale a pena enumerar.

E guia-me

pelo labirinto do devir,

a livrar-me da ameaça do tédio

nosso de cada dia.

Adolfo Luxúria Canibal

* Poema inédito publicado no jornal Público em 1Abril2024

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