A terceira república*

* Publicado no Jornal do Centro há exactamente dez anos, em 4 de Abril de 2014

1. No primeiro de Abril, o jornal I. dizia na capa que um tribunal recusou a subvenção vitalícia a um ex-deputado. Foi uma peta própria do dia? Não foi? Que importa? Mesmo que aquela sentença seja vera, ela será galga daqui a uns tempos.

A terceira república agora é isto: prescrições e carinhos às elites, suganço fiscal aos remediados.

2. As presidenciais de 2016 ameaçam tornar-se num pesadelo: José Sócrates e Durão Barroso mostram, cada vez mais, vontade de se candidatarem.

Sócrates usa o palco que lhe foi dado na RTP por Miguel Relvas para ir limpando a sua imagem. Em todos os programas ele põe lixívia nos défices de 2009 e 2010, os dois maiores défices consecutivos em tempos de paz desde a fundação da nacionalidade.

Seguro não pode fazer nada. Quando chegar a altura, ou apoia a candidatura presidencial do seu predecessor ou é varrido. Só Guterres poderá evitar esta oferta louca da presidência da república à direita.

Entretanto, Durão Barroso, o servidor de cafés da Cimeira das Lajes, acaba de dar à SIC uma entrevista em que, com a sua conhecida subtileza, tratou de marcar o máximo de pontos à direita.

Para isso, Durão Barroso atirou um míssil à “narrativa” lixiviada socrática: disse que o estado em 2011, antes de chamar a Troika, já só tinha 300 milhões de euros. Estava kaput. Foi a terceira bancarrota da terceira república.

3. Na semana passada, preocupado com o estacionamento dos moradores, afirmei aqui que não se via “pensamento e acção para o centro da cidade” de Viseu.

Nem de propósito, a página 3 deste jornal descrevia um bom corpo de ideias acabadas de divulgar pela câmara sobre o assunto e que eu desconhecia.

Ainda bem que fiquei, desta vez, mal no retrato. É justo reconhecer: pensamento começa a haver para o centro histórico. E bom.

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